A Coordenação de Defesa Civil
(Cordec) contabiliza 199 cidades da região semiárida, das 266 que
existem, em situação de emergência por conta da longa estiagem na Bahia.
Até abril deste ano, 2.358 mil moradores da zona rural têm sido
impactados pelas consequências desse período sem chuva, segundo
levantamento da Cordec, realizado a partir dos relatórios enviados pela
gestão de cada cidade afetada.
A situação se mantém desde o início de 2011e tem sido tratada como a
seca mais grave dos últimos 30 anos. Para Salvador Brito,
coordenador-geral da Cordec, é este longo tempo, que já dura mais de um
ano, que gera gravidade econômica e, por consequência, social, para a
população do sertão baiano. "O clima nessa região, em geral, já é seco
por natureza. Desde 2011 não temos chuvas satisfatórias. A de março [do
ano passado] não foi boa; a do inverno foi chuvinha fina, que molhou um
pouco a terra, mas não formou nenhuma reserva de água. De lá para cá não
choveu mais e cada dia que passa a situação se agrava", afirmou.
Como não houve plantação em março deste ano, a Bahia ficará sem safra
de feijão, milho ou mandioca da agricultura familiar, conforme conta
Salvador Brito. O milho é um dos produtos mais procurados durante a
festa de São João, típica do estado, a falta de oferta no mercado deve
aumentar o preço do cereal no período.
"O que podemos dizer é que vai ocorrer a necessidade, para suprir o
mercado, da importação do produto de outras regiões do Brasil. É um
prejuízo para as famílias rurais e para o Estado e regiões", disse.
Outra consequência da seca, relatada pelo coordenador do Cordec, recai
sobre os animais. "O rebanho está sendo dizimado. As pessoas estão se
desfazendo dos animais por conta dos prejuízos com a perda de peso,
vendendo abaixo do preço do mercado, e esses produtores pequenos não vão
conseguir repor este rebanho tão cedo", afirmou.
Salvador Brito lembra que a seca faz parte historicamente da cultura
dos nordestinos e que, como fenômeno natural, é preciso implantar e dar
continuidade a políticas que façam a população ter condições de conviver
com o período. "Nordestino é um povo resistente. Tanto é que a sua
maioria permanece no sertão, na caatinga, no agreste. O que eles
precisam é de apoio no sentido de organização. Mais associações,
cooperativas, assistência técnica, pesquisa de universidades, ciência e
tecnologia. É uma discussão que a sociedade precisa fazer", disse.
Combate - O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e o governador Jaques Wagner, garantiram
R$ 30 milhões para investimento no combate aos efeitos da seca.
Enquanto a verba é formalizada, as cidades em situação de emergência
são assistidas com abastecimento por meio de carros-pipa, distribuição
de alimentos e limpeza das "aguadas", que são reservatório de água
construídos na terra.