Já ouviu falar de vaginismo? Sabe
exatamente o que é? O problema feminino é uma das causas de dor no ato
sexual, que pode influenciar muito na vida do casal e, consequentemente,
na vida reprodutiva. Para tirar dúvidas sobre causas, tratamento e
possibilidade de cura, o site "Terra" reuniu informações do
ginecologista Eliseu Tirado, do Hospital Bandeirantes; da ginecologista,
obstetra e especialista em reprodução humana Ana Lúcia Beltrame; e do
ginecologista Fabio Laginha, da Clínica da Mulher do Hospital 9 de
Julho. Confira:
O que é vaginismo?
Vaginismo é a contração involuntária dos músculos ao redor do
orifício da vagina, causando dor, dificuldade e até impossibilidade de
manter relação sexual, sem causa física, como explicou o ginecologista
Tirado.
Quais são os sintomas de vaginismo?
“Contração involuntária dos músculos perineais (do assoalho
pélvico), dificultando ou impedindo a relação sexual, dor na penetração,
dificuldade em manipular a região genital”, listou a ginecologista Ana
Lúcia.
O vaginismo está presente desde a primeira relação sexual ou é algo que se adquire?
O vaginismo pode acontecer desde a primeira relação sexual ou ser
adquirido posteriormente. “O vaginismo primário, quando ocorre desde o
início da vida sexual, está mais relacionado a um mecanismo
psicossomático e, o secundário, que acontece depois de um período de
relações normal, a uma experiência negativa real ou imaginária”,
comentou o ginecologista Tirado.
Quais são as causas do vaginismo?
As causas não estão bem estabelecidas, mas provavelmente são
multifatoriais. “Normalmente, está relacionado a questões emocionais e
psicológicas decorrentes de tabus, educação rígida ou uma experiência
sexual ruim”, informou a ginecologista Ana Lúcia.
Como é feito o diagnóstico do vaginismo?
“O diagnóstico do vaginismo é feito pelo histórico do paciente,
exame clínico e por exames de imagem, se necessário, para afastar algum
problema orgânico”, disse o ginecologista Tirado. “Devem ser excluídas
outras causas de dispareunia (dor relacionada ao ato sexual), como
endometriose, infecções vaginais e atrofia vaginal”, comentou a
ginecologista Ana Lúcia.
Existe cura para o vaginismo?
Sim. Se seguir o tratamento, é possível alcançar a cura do
problema. “Vejo como uma grande oportunidade de melhorar a comunicação,
aproximação do casal”, comentou o ginecologista Laginha.
Como é o tratamento do vaginismo? Quanto tempo dura?
O tratamento é multidisciplinar e pode envolver terapia sexual,
fisioterapia com exercícios perineais, psicoterapia. “Alguns
medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos, bem como uso de toxina
botulínica e géis anestésicos, podem ser usados no auxilio da terapia”,
completou a ginecologista Ana Lúcia.
Terapia sexual é fundamental no tratamento de vaginismo?
Sim, a terapia sexual (exercícios e psicoterapia) é fundamental
para orientar o casal. “O vaginismo não acontece apenas com a mulher,
mas afeta o casal, portanto, sempre que possível, a abordagem deve ser
feita em conjunto”, disse o ginecologista Laginha.
Como a toxina botulínica pode ajudar no tratamento?
A toxina botulínica pode auxiliar no processo porque impede a
contração muscular. “Ela é aplicada nos músculos perineais envolvidos na
anatomia vaginal. A aplicação é normalmente feita a cada seis meses,
mas é importante salientar que o resultado do tratamento depende também
de um acompanhamento psicológico e terapia sexual”, comentou a
ginecologista Ana Lúcia.
Quais são as complicações do vaginismo?
“Dor local, mas que não se compara com a dor psicológica, medo,
culpa e baixa autoestima. É uma perda emocional muito grande”, respondeu
o ginecologista Laginha. “O vaginismo pode influenciar muito na vida
sexual do casal e consequentemente na vida reprodutiva, já que as
mulheres portadoras dessa condição não conseguem ter relação sexual”,
completou a ginecologista Ana Lúcia.
É possível prevenir o vaginismo?
Sim. “O vaginismo, na grande parte das vezes, tem um fundo
emocional muito importante relacionado à educação rígida, tabus e medos
desenvolvidos durante a infância e a adolescência. Uma educação sexual
saudável pode, muitas vezes, prevenir a doença”, explicou a médica Ana
Lúcia.
Qual parcela das mulheres sofre de vaginismo?
“É muito difícil estimar essa queixa, pois as mulheres não falam e
os médicos não perguntam. Estima-se que, em clínicas especializadas em
disfunções sexuais, 5% a 42% dos tratamentos são por vaginismo”,
comentou Laginha. “É uma condição rara. Cerca de 1% a 5% da população
feminina pode apresentar essa doença”, comentou Ana Lúcia.
Vaginismo impossibilita ou atrapalha engravidar?
Sim, porque, em grande parte das vezes, a mulher não consegue
manter relações sexuais, comentou Ana Lúcia. “Nessas situações, algumas
recorrem a tratamentos de reprodução assistida”, completou a médica.
Como o parceiro pode ajudar quando a mulher tem vaginismo?
O parceiro deve participar do processo terapêutico, como informou
Ana Lúcia. “Cabe ao parceiro melhorar a autoestima, relacionamento,
ajudando no conhecimento do corpo e nos exercícios”, disse o
ginecologista Laginha.
A masturbação ajuda a mulher com vaginismo?
Sim, “porque, por meio do toque e da masturbação, a mulher conhece
mais seu próprio corpo, partes que lhe dão maior prazer”, afirmou a
ginecologista Ana Lúcia. “Tanto para os homens como para as mulheres, a
masturbação é um momento de autoconhecimento e faz parte do
desenvolvimento da sexualidade”, comentou Laginha.
Vaginismo leva à falta de orgasmo?
O vaginismo necessariamente não leva à falta de orgasmo, como
informou o ginecologista Laginha. “Muitos casais conseguem relações
prazerosas com orgasmo, mas sem penetração”, completou o médico.
Dor no ato sexual pode estar ligada a quais outros problemas além do vaginismo?
“Existem inúmeras causas de dispareunia (dor relacionada ao ato
sexual), como infecções, atrofia, malformações, falta de lubrificação,
problemas urinários, intestinais e ginecológicos”, afirmou o
ginecologista Tirado.