Mostrando que nunca é tarde para se tomar decisões e desbravar novos caminhos na vida, a viúva Elionor Reis, natural de Salvador, ingressou aos seus 52 anos como religiosa de vida ativa na Congregação das Irmãs Servas da Sagrada Família, fundada em 1953 pelo Monsehor Joaquim Ayres.
Até chegar aos primeiros votos religiosos, a recém professa enfrentou vários desafios. Ainda jovem serviu como aspirante à vida religiosa, mas
acabou voltando à casa dos pais por não se sentir amadurecida em sua decisão.
Um dos seus familiares a aproximou a um tímido rapaz que demonstrava interesse por ela. O namoro aconteceu e o casamento chegou.
A união não teve filhos, e após onze anos e seis meses de matrimônio ela ficou viúva.
Por se tratar de uma leiga atuante, a soteropolitana se dedicou por um tempo aos trabalhos missionários da família Servas e nesse período que veio a coragem de ingressar na congregação para ser uma das filhas do Monsenhor Ayres. A religiosa recorda que a experiência de leiga foi marcante, pois ela passava dias com as irmãs e quando retornava pra casa já era com saudades.
Sobre os desafios de entrar no Convento após uma vida já encaminhada, casada e viúva, quando se tinha independência financeira, a irmã nos disse que foi preciso se reeducar e reaprender muita coisa. “Diante dos desafios eu afirmo que sou uma pessoa feliz e realizada, tenho outra qualidade de vida e não me arrependo. Os desafios existem em todos os lugares, mas por aqui é a graça de Deus que nos sustenta”.
Ainda em relação ao acolhimento das vocações amadurecidas, a Irmã Luciene Carvalho (foto ao lado de Dom Itamar Vian), superiora geral da congregação, salienta que para a Igreja esse fenômeno significa a riqueza de um novo tempo. Ela ressalta que as novas candidatas chegam por opção própria e não condição, e isso torna a tomada de decisão muito mais assertiva, o que resulta em menos desistência após o período de formação.Reforçando o que acredita a irmã Luciene, o arcebispo emérito da Arquidiocese de Feira de Santana, Dom Itamar Vian, enfatiza que o apoio as vocações adultas deve ser uma prioridade de todas as congregações. Segundo o religioso, é nesta fase que o discernimento vocacional é levado muito mais a sério. “O jovem precisa receber propostas das mais variadas para que tenha condições de fazer discernimento diante de si e diante de Deus”.
Defensor de oportunidades para as vocações maduras, o arcebispo já aposentado, salienta que muitas pessoas passam vários anos e não conseguem fazer um discernimento, casam e quando ficam viúvos relatam o desejo de fazer um determinado serviço em alguma congregação ou diocese.
Observando o fato como um sinal de que a Igreja e as Congregações acolhem todas as pessoas, Dom Itamar conclui que para discernir a vocação não existe data.