terça-feira, 16 de abril de 2019

Alunos de Comunicação Social da FAT debatem sobre a luta dos povos indígenas.


Por Rose Amorim
Demarcação de terras, desmistificação dos povos indígenas e a vida desses estudantes nas universidades brasileiras foram os assuntos debatidos na noite da última sexta-feira, 12, na sala 04 do prédio de Comunicação, pelos alunos do terceiro semestre dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Faculdade Anísio Teixeira. O debate teve também a participação de indígenas da etnia Kaimbé e Tumbalalá e foi mediado pelo professor Ricardo Aragão.

 Formado em Filosofia, militante das causas do seu povo, Ângelo Kaimbé ressaltou para os alunos, a importância da demarcação de terras indígenas. Segundo ele a autonomia do povo indígena está no território. “Se a gente não tem nosso território, não somos nada. Temos a terra não como um bem de consumo, mas como algo que faz parte de nós“, afirma. Além disso, Ângelo Kaimbé explica que existe uma complexa mitificação dos povos indígenas no aspecto cultural.

 A falta de conhecimento, o preconceito e a intolerância, resultantes da ideia de índio que foi construída historicamente, promovem a marginalização destes na sociedade. “São 519 anos de história e a cultura se transforma. Os Portugueses, Espanhóis e Holandeses tinham vestimentas e costumes totalmente diferentes do que têm hoje e ninguém questiona se eles deixaram de ser o que são, mas os indígenas as pessoas questionam”, completou. Com relação à inserção de alunos indígenas nas universidades, Maria Aparecida, egressa do curso de Agronomia na Universidade Estadual de Feira de Santana e pertencente a etnia Tumbalalá, expõe as grandes dificuldades para conseguir não só passar no vestibular, mas também a não desistir após ser aprovada. Segundo a estudante, há várias atitudes preconceituosas de alunos e professores no espaço acadêmico. Além disso, ela ressalta as péssimas condições das residências que são disponibilizadas e confirma a importância da ocupação de espaços para os povos indígenas. “Ter um indígena na universidade, vai além de passar só em um curso. É uma questão de reafirmação da identidade e aprender a se defender dos poderosos que estão a todo tempo nos difamando na mídia”, explica.

Professor do terceiro semestre de Jornalismo e Publicidade na disciplina Realidade Brasileira e Regional, Ricardo Aragão afirma que a importância do debate realizado encontra-se na necessidade dos alunos entenderem a história do Brasil a partir das lutas dos povos indígenas, e compreender essa realidade. “É fundamental para que os alunos descolonizem o pensamento. A presença deles faz com que os estudantes tenham um depoimento em primeira mão de pessoas que estão vivenciando a luta e faz com que os futuros profissionais se atentem para os vários lados da mesma moeda”, ressalta. Kaimbé e Tumbalalá fazem parte das 14 etnias indígenas presentes no estado da Bahia, segundo o Instituto Socioambiental. Estão localizadas em Euclides da Cunha e Abaré e Curaçá, às margens do Rio São Francisco, respectivamente.