Lula é a vítima perfeita de si mesmo, da esquerda, da direita e de um Brasil capenga
O julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não traz em si razões para a espetacularização do episódio. Diariamente alguns milhares de julgamentos similares acontecem em todo o Brasil e a grande maioria passa despercebida do grande público. Lula está longe de ser um personagem qualquer, mas também não é o mito que seus aliados pintam. Desde a sentença proferida por Sérgio Moro, aqueles que acreditam na inocência do ex-presidente acharam o motivo ideal para transformar o petista na vítima perfeita de um sistema que orquestra há tempos para retirar o líder popular da condição de provável candidato ao Palácio do Planalto. Tanto que uma parcela expressiva de aliados foi até Porto Alegre (RS), onde acontece o julgamento do recurso para, de alguma forma, demonstrar apoio ao ex-presidente, enquanto outra parte mobilizou a militância para atos como o júri simulado, que aconteceu na tarde desta terça-feira (23) em frente ao Fórum Ruy Barbosa, em Salvador. Esse caráter de “atentado à democracia” ou “golpe contra o representante do povo” reforça o discurso criado e alimentado pelo PT ao longo da história do partido e tão bem personificado em Lula. E, para alimentar os próprios argumentos, vale até mesmo incorporar artigos de um antigo adversário na imprensa, como Reinaldo Azevedo, ou ainda um artigo de opinião publicado no jornal The New York Times como se o veículo norte-americano validasse a ideia de que o julgamento do recurso do petista é um retrocesso na jovem democracia brasileira. No caso do jornal nova-iorquino, inclusive, há um agravante já que o texto é tratado como reportagem “isenta”, quando, na verdade, exprime a opinião do autor. A manutenção da sentença de Moro, que pode ser questionada sob diversos aspectos, dificilmente deixará o ex-presidente inelegível, pois o PT e toda a esquerda prometem levar a candidatura de Lula até as últimas instâncias possíveis. No entanto, uma coisa é certa. O espetáculo criado pela esquerda e pela direita em torno do julgamento desta quarta transformou Lula numa vítima: dele mesmo e também do sistema. Para o bem ou para o mal. E o Brasil segue cada vez mais capenga com essa necessidade desenfreada de ter heróis. Este texto é parte do comentário desta quarta-feira (24) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM e Clube FM.
O julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não traz em si razões para a espetacularização do episódio. Diariamente alguns milhares de julgamentos similares acontecem em todo o Brasil e a grande maioria passa despercebida do grande público. Lula está longe de ser um personagem qualquer, mas também não é o mito que seus aliados pintam. Desde a sentença proferida por Sérgio Moro, aqueles que acreditam na inocência do ex-presidente acharam o motivo ideal para transformar o petista na vítima perfeita de um sistema que orquestra há tempos para retirar o líder popular da condição de provável candidato ao Palácio do Planalto. Tanto que uma parcela expressiva de aliados foi até Porto Alegre (RS), onde acontece o julgamento do recurso para, de alguma forma, demonstrar apoio ao ex-presidente, enquanto outra parte mobilizou a militância para atos como o júri simulado, que aconteceu na tarde desta terça-feira (23) em frente ao Fórum Ruy Barbosa, em Salvador. Esse caráter de “atentado à democracia” ou “golpe contra o representante do povo” reforça o discurso criado e alimentado pelo PT ao longo da história do partido e tão bem personificado em Lula. E, para alimentar os próprios argumentos, vale até mesmo incorporar artigos de um antigo adversário na imprensa, como Reinaldo Azevedo, ou ainda um artigo de opinião publicado no jornal The New York Times como se o veículo norte-americano validasse a ideia de que o julgamento do recurso do petista é um retrocesso na jovem democracia brasileira. No caso do jornal nova-iorquino, inclusive, há um agravante já que o texto é tratado como reportagem “isenta”, quando, na verdade, exprime a opinião do autor. A manutenção da sentença de Moro, que pode ser questionada sob diversos aspectos, dificilmente deixará o ex-presidente inelegível, pois o PT e toda a esquerda prometem levar a candidatura de Lula até as últimas instâncias possíveis. No entanto, uma coisa é certa. O espetáculo criado pela esquerda e pela direita em torno do julgamento desta quarta transformou Lula numa vítima: dele mesmo e também do sistema. Para o bem ou para o mal. E o Brasil segue cada vez mais capenga com essa necessidade desenfreada de ter heróis. Este texto é parte do comentário desta quarta-feira (24) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM e Clube FM.
