Um grupo de 118 pesquisadores de 11 países, incluindo 15 brasileiros, conseguiu fazer o sequenciamento do genoma do Biomphalaria glabrata, espécie de caramujo hospedeiro intermediário do verme que causa a esquistossomose. De acordo com o pesquisador Omar dos Santos Carvalho, do Grupo de Helmintologia e Malacologia Médica (HMM) da Fundação Oswaldo Cruz de Minas Gerais (Fiocruz Minas), essa espécie de caramujo é o melhor hospedeiro que existe na natureza. O profissional acrescentou que essa espécie de caramujo existe em todo lugar no Brasil que tem esquistossomose, pela distribuição dele e pela alta suscetibilidade ao parasita. Pesquisadores já trabalham, segundo a Agência Brasil, para tornar esse molusco resistente à infecção ao parasita. No próprio HMM da Fiocruz Minas, a doutora Marina Mourão, coordena uma pesquisa com financiamento da Comunidade Europeia. Ela tenta descobrir qual é o gene responsável pela facilidade que esse molusco tem para adquirir a esquistossomose, de modo a torná-lo resistente. Omar Carvalho disse que esse é o grande trabalho a ser feito e terá impacto não só no Brasil, mas em outras partes do mundo que têm a doença, como o Caribe e a África. "Se algum colega conseguir isso, vai ser um passo extremamente importante no sentido de controlar a esquistossomose". A doença ocorre principalmente no Nordeste do Brasil, com grande prevalência também em Minas Gerais. De acordo com o pesquisador, o estudo começou com a coleta de moluscos em Minas Gerais e sua classificação tanto pela morfologia como pela biologia molecular. "Eles foram infectados para ver se funcionavam realmente com igualdade de condições às outras Biomphalaria glabrata que nós tínhamos no laboratório. A pesquisa começou aqui, em Belo Horizonte, e depois de 15 anos teve essa publicação que é muito importante e tem um impacto muito grande tanto na América, como na África, entre outros lugares". A esquistossomose é, atualmente, o segundo maior problema de parasitose no mundo, depois da malária.