O ex-deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ) contratou o advogado Délio Lins e Silva Júnior para integrar a
equipe que o defende nos processos no âmbito da Operação Lava Jato.
Lins e Silva advogou para Diogo Ferreira, que foi chefe de gabinete do
ex-senador Delcídio do Amaral e fechou acordo de delação premiada na
Lava Jato. As informação são do jornal Valor Econômico.
Cunha está preso em Curitiba desde outubro passado. O
advogado disse à reportagem que não foi contratado para preparar a
delação. Pessoas próximas ao ex-deputado confirmam que essa
possibilidade existe, no entanto.
Lins e Silva disse que foi procurado pela família do
ex-deputado para integrar a equipe de advogados que atua nos vários
processos contra o ex-presidente da Câmara. Agora são três escritórios
de advocacia na defesa de Cunha.
A avaliação de pessoas do entorno do peemedebista é
que a barreira que impedia que Cunha delatasse era justamente a relação
com a JBS. Agora Cunha faz cálculos sobre o momento de falar.
O fato de pessoas próximas a ele terem sido presas e
sinalizado a disposição de colaborar pode aumentar sua pressa em
delatar. As revelações de seus colegas podem esvaziar o repertório de
sua possível delação premiada.
O principal operador financeiro de Cunha, Lúcio
Bolonha Funaro, está negociando um acordo em que promete contar o que
sabe sobre pagamentos de propina e lavagem de dinheiro envolvendo
políticos, sobretudo do PMDB. Funaro está preso em Brasília.
Uma pessoa próxima a Cunha disse que a eventual delação do ex-deputado tem potencial para “implodir o modelo político”.
Eduardo Cunha é acusado de receber propina em
negócios feitos na Petrobras e também de comandar um esquema de cobrança
de suborno de empresários que tinham interesse em verbas do Fundo de
Investimento do FGTS (FI-FGTS).
Ele também é um dos políticos mais próximos do
presidente Michel Temer. Foi citado em conversa gravada por Joesley
Batista com Temer em que o empresário, na interpretação da Procuradoria
Geral da República, diz que pagava uma mesada para manter o silêncio de
Cunha e Funaro na prisão. Em duas ocasiões o ex-deputado arrolou Temer
como testemunha em seus processos e enviou ao presidente perguntas sobre
doações.