Em caso de
eleição indireta, um terço dos congressistas que elegerão o futuro
presidente terá sido beneficiado por doações de campanha da JBS
O dinheiro do JBS, principal conglomerado
brasileiro do setor de carnes, ajudou a eleger um em cada três dos
integrantes da Câmara e do Senado. O grupo foi o principal financiador
privado de candidatos na eleição de 2014. Entre os documentos que os
delatores do JBS entregaram à Procuradoria-Geral da República (PGR) está
uma lista de deputados eleitos em 2014 e beneficiados por doações do
grupo empresarial. Nela, há 166 nomes - 32% do universo de 513 deputados
eleitos.
No pacote de documentos
também há uma relação dos atuais senadores, com um “OK” marcado ao lado
do nome de cada parlamentar que recebeu recursos do JBS. A lista inclui
28 senadores, ou 35% do total de 81 parlamentares da Casa.
O grupo fundado por Joesley e Wesley Batista fazia
lobby no Executivo, no Congresso e nos governos estaduais para obter
vantagens e ganhar mercado. Em ao menos um caso, houve compra de votos
na Câmara para aprovar legislação que dava ao grupo benefícios
tributários, segundo confissão dos delatores ligados à empresa. A
existência dessa rede de influências pode provocar polêmicas futuras.
Na hipótese de saída do presidente Michel Temer e
eventual convocação de eleição indireta, um terço dos congressistas que
elegerão o futuro presidente terá sido beneficiado por doações de
campanha do causador da crise.
Proporção
Em números absolutos, o PP é o partido campeão de deputados eleitos conectados ao grupo empresarial: 27. Isso equivale a sete em cada dez eleitos. Em 2014, a legenda conquistou 38 vagas na Câmara. Em segundo lugar aparece o PT, com 20 financiados. O partido é seguido de perto pelo PR (19 e pelo PMDB (17). O ranking muda quando se considera a proporção entre financiados e eleitos em cada bancada.
Em números absolutos, o PP é o partido campeão de deputados eleitos conectados ao grupo empresarial: 27. Isso equivale a sete em cada dez eleitos. Em 2014, a legenda conquistou 38 vagas na Câmara. Em segundo lugar aparece o PT, com 20 financiados. O partido é seguido de perto pelo PR (19 e pelo PMDB (17). O ranking muda quando se considera a proporção entre financiados e eleitos em cada bancada.
No caso da Câmara, há cinco partidos que tiveram
mais da metade de seus deputados eleitos financiados pelo JBS: PC do B
(90%), PP (71%), PROS (64%), PDT (60% e PR (56%). Além disso, o único
deputado eleito pelo PTdoB recebeu recursos da mesma fonte. Dos grandes
partidos, o PT aparece em 10.º lugar, com 29% da bancada eleita
financiada pelo grupo. O PMDB vem na posição seguinte, com 26%. Já o
PSDB aparece no 19.º lugar - apenas 7% de seus deputados receberam
contribuições do JBS em 2014.
Governismo
Naquele ano, o grupo empresarial ajudou a eleger bancadas majoritariamente alinhadas à então presidente, Dilma Rousseff (PT). Dos eleitos financiados pelo JBS, 92% integravam partidos da base dilmista. Vários desses partidos migraram para a base do atual presidente. Hoje, 75% dos eleitos com o apoio do JBS estão em legendas da base de Temer.
Naquele ano, o grupo empresarial ajudou a eleger bancadas majoritariamente alinhadas à então presidente, Dilma Rousseff (PT). Dos eleitos financiados pelo JBS, 92% integravam partidos da base dilmista. Vários desses partidos migraram para a base do atual presidente. Hoje, 75% dos eleitos com o apoio do JBS estão em legendas da base de Temer.
Os nomes e os valores apresentados à
Procuradoria-Geral da República coincidem com os das prestações de
contas entregues por partidos e candidatos à Justiça Eleitoral. Isso
significa que, ao menos naquele documento específico, os valores citados
são de “caixa 1”, ou seja, os formalizados de acordo com a legislação.
Os deputados financiados não receberam contribuições
diretamente do JBS. O dinheiro primeiro foi entregue às direções dos
partidos e, depois, distribuído aos candidatos. Na delação não há
elementos que indiquem se o JBS apontava ou não às cúpulas partidárias
seus candidatos preferidos.