Há um cãozinho lambendo a cara do seu bebê neste exato momento?
Não interrompa a leitura dessa notícia para separá-los – essa não é uma
ideia tão ruim quanto parece. Um estudo da Universidade de Alberta, no
Canadá, revelou que bebês de famílias que incluem animais de estimação –
cachorros, em 70% dos casos – têm menos propensão que a média a
desenvolver alergias e obesidade.
O método empregado não foi nada cheiroso. A equipe do pediatra Hein M. Tun analisou as bactérias presentes no cocô de 746 bebês de até três meses de idade, e percebeu que dois micróbios – Ruminococcus and Oscillospira, comuns no intestino de pessoas sem histórico de obesidade e alergia – apareciam com mais frequência nas fraldas de crianças que conviveram com cachorros ainda no útero ou nos primeiros dias de vida. Em outras palavras, a convivência com animais domésticos muda para melhor sua microbiota intestinal (também conhecida como “flora intestinal”, entenda no Oráculo porque o termo é errado).
Segundo o artigo científico, a presença de bichos de estimação em
casa durante a gravidez também diminuiu as chances de bebês
recém-nascidos contraírem pneumonia logo após o parto. A doença, nesse
caso específico, é causada por bactérias chamadas GBS (em inglês, group B streptococcus, “streptococcus do grupo B”),
presentes nos nossos intestinos e também em mucosas como a boca e a
vagina. Elas são inofensivas para adultos, mas não para os pequenos – a
não ser, claro, que eles já nasçam resistentes graças a um Fido. Ou Rex.
Ou Zeus. Ou Átila. Ou Pudim. Enfim.
A teoria de que a exposição a animais e sujeira no início da vida
reforça a imunidade não é nova, e o número de artigos científicos que
corroboram a tese só aumenta.
Mas, se mesmo depois de tudo isso você ainda não tiver se convencido
de que ter um cachorro é uma ótima ideia, não se preocupe: no futuro, é
provável que você possa comprar pílulas com todas as bactérias caninas
interessantes para sua saúde – e não levar o animal em si no pacote. “Não
duvido que a indústria farmacêutica tente criar suplementos com esses
micróbios, mais ou menos como fizeram com probióticos [doses de
bactérias benéficas para o sistema digestório que podem ser compradas em
farmácias]”, afirmou à imprensa Anita Kozyrskyj, co-autora do estudo.