Um casal de Feira de Santana conseguiu na Justiça que o estado da Bahia
fique responsável pela compra do canabidiol, medicamento feito à base
de maconha, para o filho que nasceu com microcefalia e sofre com
convulsões. O estado recorreu da decisão. A Secretaria Estadual de Saúde
(Sesab) não se posicionou sobre o caso.
A mãe da criança, Érika Macêdo, teve rubéola antes da gravidez, o que
pode ter causado o problema. Além da má formação do cérebro, o menino
Arthur também nasceu surdo e com catarata congênita.
O pai, corretor de imóveis Gabriel Gallindo, conta que vários remédios
já foram usados no tramanto da criança, mas nenhum funcionou. A
esperança da família agora, segundo ele, é o canabidiol, que foi
retirado da lista de substâncias proibidas pela Anvisa no início de
2015.
"Tem dias que ele tem seis e já chegou a 10 crises num dia. E quando
ele está assim, ele para de se alimentar. Ele engatinhava e deixou de
engatinhar. Não tem controle para ficar sentado. Ele interagia e parou
de interagir. Não sorri mais. A gente sente que as convulsões faz ele
deixar de fazer tudo o que ele aprende.
Apaga da memória tudo o que ele aprendeu", destacou o pai do menino, Gabriel Gallindo.
As crises convulsivas do menino começaram logo nos primeiros dias de
vida, segundo os pais. Eles afirmam que já tentaram de tudo para
amenizar o problema, mas não tiveram sucesso e destacam que não têm
condições de arcar com o preço do canabidiol.
"Estávamos pesquisando e descobrimos que uma ampola de 10 ml do
canabidiol custa 600 dólares, ou R$ 1,7 mil. E são duas vezes no mês.
Uma criança que não está nem recebendo o benefício que é de direito
dele. Eu não posso trabalhar como trabalhava antes e até o pai também
não pode trabalhar como travalhava. Então, impede de a gente ter esse
dinheito para comprar isso. A gente está lutando para o governo custear
uma coisa que é benéfica para a saúde de uma criança. A vida não
espera", disse Érika Macêdo.
O nerologista Paulo Machado diz que o canabidiol é eficiente para casos
como o menino Arthur. "Ele [o medicamento] traz benefícios enormes para
pacientes com um tipo de epilepsia como o do garotinho Arthur. São
crises de difícil controle que você usa dois, três, quatro tipos de
remédios diferentes e em altas doses e mesmo assim o paciente tem
crises. O canabidiol não é psicoativo, tem uma baixa toxidade e alta
tolerabilidade pelo organismo dos seres humanos, mesmo com uso
prolongado. O paciente vai ter resultados excelentes", destacou o
especialista.