sexta-feira, 13 de maio de 2016

PT e aliados farão oposição aguerrida

A aprovação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo plenário do Senado da República interrompe um ciclo de 13 anos do Partido dos Trabalhadores no poder. Agora, a única alternativa que o PT possui é o julgamento final do impedimento que deve ocorrer em até 180 dias no Legislativo.
Apesar da derrota da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Lula e do governo petista, o presidente da sigla na Bahia, Everaldo Anunciação, afirma que “a resistência tem que continuar”. “Primeiro, por uma questão de princípio, esse processo não tem uma base legal. Segundo ele, houve uma manifestação clara da sociedade brasileira contra o golpe e pela não aceitação de um governo comandado por Temer. Isso significa um governo ilegítimo”, argumentou em entrevista à Tribuna.
“As propostas desse governo são de retirada de conquistas de direitos sociais do povo brasileiro. Seu compromisso é com a Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo]”, alertou o dirigente, que criticou a negativa do Supremo Tribunal Federal ao mandado de segurança impetrado pela Advocacia Geral da União (AGU)  para barrar o impeachment: “Acho que o STF, que deveria ser o guardião da lei, mais uma vez demonstra falta de sintonia”.
Afonso Florence, deputado federal baiano e líder do PT na Câmara dos Deputados, disse que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), com a ajuda do PSDB, DEM, PPS e outros partidos, decidiu rasgar a Constituição para conseguir chegar ao poder sem os votos do povo brasileiro. Segundo o petista, o afastamento da presidente Dilma Rousseff não passa não de um golpe parlamentar contra os interesses do povo brasileiro. “Nós vamos resistir nas ruas e na Câmara contra a retirada de direitos”, frisou.
A deputada federal Moema Gramacho (PT), uma ferrenha defensora do governo petista na Câmara dos Deputados, assinalou que todos os que apoiaram o impedimento da presidente Dilma Rousseff entrarão para a história como “golpistas”. “Temer e todos os golpistas, que não gostam de ser chamados desta forma, levarão esta pecha para o resto de suas vidas, para a história”, frisou.
Valmir Assunção, deputado federal pelo PT baiano, reforçou que o partido manterá a postura de oposição ao governo Temer. “A decisão de fazer oposição é um posicionamento que vai de encontro ao golpismo e ao desrespeito à Constituição Federal de 1988. É preciso respeitar o voto dos mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras”, ressaltou. Daniel Almeida, deputado federal e presidente do PCdoB na Bahia, engrossou o coro dos petistas nas críticas ao modo como os peemedebistas chegaram ao poder na manhã de ontem.
“Esse é um passo adiante daqueles que rasgaram a Constituição. É um dia triste para a democracia brasileira, mas o sentimento que temos é de resistência em relação aos que querem trair a pátria e a Constituição. É uma profunda injustiça contra a presidente legitimamente eleita pelo voto popular”, disse o presidente.
Rui diz que afastamento é “atentado”
O governador Rui Costa foi eleito para o cargo no Executivo baiano em outubro de 2014 com amplo apoio do ex-presidente Lula, do ex-governador Jaques Wagner e da agora presidente afastada Dilma Rousseff. A aprovação da admissibilidade do processo de impeachment pelo Senado não era novidade para nenhum governista e o próprio Rui Costa tinha consciência disso. Na manhã de anteontem, durante visita à Concha Acústica, no Campo Grande, em Salvador, o discurso do petista já era de conformismo e comparou o declínio do governo da presidente Dilma com uma queda de um avião. Para ele, uma sequência de erros contribuiu para o desfecho. “É igual a desastre de avião.
Quando o avião cai não é só um erro, são vários componentes que levaram a isso”, exemplificou. Ontem, momentos depois de o Senado ter aprovado a admissibilidade do processo de impeachment que culminou no afastamento da petista e consequente ingresso do vice Michel Temer no poder, Rui se solidarizou com a companheira de partido e lamentou o impedimento. “Manifesto minha solidariedade à presidente Dilma, que não cometeu nenhum ato ilícito que justificasse o processo de impeachment. O que aconteceu foi mais um atentado à democracia.
Uma violência contra a escolha de milhões de brasileiros. Estamos vivendo um triste momento da história do país, mas nada vai me abater a continuar defendendo a democracia e os legítimos interesses da Bahia”, disse o governador em pequena nota divulgada em seus perfis nas redes sociais. Em seu comunicado, o petista não fez relação a Temer como traíra, como havia dito em outras ocasiões.