terça-feira, 26 de janeiro de 2016

UM POEMA PRA CHUVA QUE CAI

Paulo Carvalho
Eu sei o que sinto aqui,
É aquele momento de distrair a alma,
Cantar junto com os passarinhos,
Procurar ninho. Procurar ninho?
Ah, pra que procurar, passarinho?
Vem se aconchegar aqui,
Dentro da minha poesia molhada,
Dentro dessa vida encantada,
Dentro desse cheiro bom...

Traga-me o seu tom, cante comigo,
Aquela sua doce canção,
Veja, é chuva no meu sertão!

Eu sei o que sinto aqui,
Perto de mim, a melodia dos pingos,
O desenho de giz da infância apagado,
Ah, não importa, sempre terão outros.
Nunca fiquei tão feliz com o desenho borrado.

Ouço o silêncio dessa chuva fina,
E pela fresta da porta aberta,
Aquela festa! Aquela festa!

Meu canteiro canta comigo a mesma melodia,
Minha poesia passeia entre os sonhos de criança,
O mandacaru distante da minha caatinga,
Parece voar dentro de sua cantiga!
Está feliz! Está feliz! É a esperança!

Meu canteiro: bananeira, pinha, maracujá...
Tão quieto goza da mesma felicidade,
Sabe da esperança, da vida, do que virá,
Sabe que a natureza não descansa, planta
A alegria, seja no sertão ou na cidade.

E a chuva cai...
E eu vou com ela!
E a chuva vai...
Colorindo a minha janela!

Poesia molhada, emoção certa!
Nas travessuras do menino poeta!

* Paulo Carvalho é jornalista, poeta e escritor.