domingo, 22 de junho de 2014

Lei Seca, ressaca e bombom de licor; tire dúvidas sobre o álcool

  Fazer gargarejo com enxaguante bucal acusa no bafômetro? É verdade que existem alimentos capazes de “curar” a ressaca? Qual é a quantidade máxima de álcool que pode ser ingerida diariamente? Sair para tomar um drinque ou uma noite para afogar as mágoas ainda rendem muitas dúvidas, ainda mais depois que o Conselho Nacional de Trânsito publicou a nova resolução que torna a Lei Seca mais rígida para os motoristas.
De acordo com as novas regras, o limite para que o condutor não seja multado passa de 0,1 miligramas de álcool para 0,05. Além disso, antes os exames de sangue poderiam acusar até 2 decigramas de álcool, mas agora nenhuma quantidade será tolerada. Para os infratores, a multa considerada gravíssima custa R$ 1.915,40.
Antes de pular Carnaval e cair na folia, vale a pena saber os limites da nova lei e, claro, também do próprio corpo. Por isso, o Terra conversou com da hepatologista Débora Dourado, do Hospital e Maternidade São Luiz, e com a nutricionista Tereza Cibella, da Consultoria Equilibrium, para tirar as principais dúvidas sobre o consumo de bebidas alcoólicas. Confira a seguir.

Qual é a quantidade máxima de álcool que se pode ingerir diariamente?
A quantidade varia dependendo do sexo. De acordo com Débora, as mulheres podem consumir 40 g de álcool por dia, enquanto para os homens esse número sobe para 80 g. “Uma lata de cerveja tem 4% de teor alcoólico, enquanto um uísque tem de 40 a 50% - 100 ml de uísque equivalem a 40 g de álcool. Sendo assim, a mulher e o homem podem, respectivamente, tomar cinco e oito doses de uísque por semana sem que isso interfira significantemente na sua saúde”, explica a hepatologista. Vale lembrar que essa quantidade deve ser dividida durante os sete dias, e não consumida de uma vez só.

O único órgão afetado pela bebida é o fígado?
Diferentemente do muitas pessoas pensam, o fígado não é o único afetado pela bebida alcoólica. “Muito antes de atingir o fígado, o álcool age no sistema nervoso central e no cérebro, provocando alteração na consciência, euforia inicial e depressão. Em longo prazo, afeta também os nervos periféricos, causando neuropatias”, detalha Débora.
Por que é melhor beber de estômago cheio?
Quem já bebeu depois de algumas horas sem comer sabe que a experiência pode trazer consequências desagradáveis. De acordo com Tereza, isso acontece porque beber com o estômago vazio acelera e intensifica a absorção do álcool. “A ingestão de bebidas alcoólicas juntamente com alimento diminui essa absorção pelo organismo. É sempre recomendado consumir algo antes, durante e depois de consumir álcool. Evite alimentos com gordura e excesso de sal”, aconselha a nutricionista. 
É verdade que os fermentados são menos agressivos ao organismo que os destilados?
Sim. Isso acontece porque os fermentados tem uma concentração menor de álcool. “As bebidas fermentadas, como a cerveja e o vinho, têm no máximo 18% de álcool, enquanto as destiladas podem atingir até 70%”, explica Tereza.
A mistura entre fermentados e destilados deixa bêbado mais rápido?
Pode parecer que sim, mas a mistura de bebidas não influencia na velocidade da embriaguez. “Não é a mistura que deixa a pessoa bêbada, mas sim a quantidade de álcool ingerida. Quem toma duas cervejas e depois consome uma dose de uísque ficará bêbado mais rápido do que quem só bebe cerveja, devido à unidade consumida”, justifica a hepatologista do Hospital São Luiz.