O uso desses métodos pode até matar, segundo os especialistas.
O uso de injeções de óleo mineral e álcool ou a aplicação de silicone industrial para aumentar o tamanho de partes do corpo, como os braços, são técnicas caseiras condenadas por médicos, que classificam os métodos como perigosos por oferecem risco à saúde. O uso desses métodos pode até matar, segundo os especialistas.
Dois casos recentes de pessoas que recorreram aos procedimentos estéticos caseiros foram registrados apenas este mês no Brasil.
Em
Goiânia (GO), o analista de laboratório Marcos Paulo Batista dos Santos
morreu aos 34 anos após injetar silicone industrial nos braços. Santos
ficou internado 12 dias em um hospital após ele mesmo aplicar um
produto no corpo que, segundo a Polícia Civil, é normalmente usado na
limpeza de carros e na impermeabilização de azulejos.

Em Olinda (PE), o pedreiro Arlindo de Souza, 43 anos, teve sua história
contada pelo site “Huffington Post” e foi apelidado de “Popeye da vida
real” pelo jornal on-line britânico "Daily Mail" após mostrar seus
bíceps de 73 centímetros “moldados” com a ajuda de injeções de óleo
mineral e álcool.
Segundo o médico infectologista Paulo Olzon, presidente da associação
dos médicos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ambos os
métodos podem causar consequências graves aos usuários.
Ele explica que as substâncias podem invadir a corrente sanguínea e
provocar embolia pulmonar, quando há obstrução de artérias ou veias do
pulmão.
Além disso, é alto o risco de infecção, com chances de o membro sofrer
algum tipo de trombose – o que pode causar até uma amputação.
Efeito da gravidade
No caso das injeções de óleo mineral nos braços, as substâncias procuram
espaços existentes entre os músculos e a pele, permanecendo nesses
locais. “A tendência futura é que o líquido vá para partes mais baixas
do corpo por efeito da gravidade”, explicou Olzon.
Desta forma, com o passar do tempo (meses ou até anos), o líquido pode
descer para a mão, por exemplo, e formar um volume que dificilmente
poderá ser diminuído com ajuda médica. “O líquido fica espalhado e há
dificuldade para drená-lo”, explica Olzon.
De acordo com o médico João Morais Prado Neto, presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Plástica, pessoas que buscam esse tipo de método
precisam de ajuda psicológica. Segundo ele, eles podem estar sofrendo de
dismorfismo corporal, transtorno caracterizado por uma preocupação
obsessiva com algum defeito inexistente na aparência.
'Popeye pernambucano'
O pedreiro Arlindo de Souza, popularmente conhecido com Arlindo
Montanha, se orgulha de manter braços com 73 centímetros, moldados com a
ajuda de musculação e injeções de óleo mineral e álcool, que lembram os
braços do personagem marinheiro Popeye.
Em entrevista ao "Huffington Post", publicada nesta terça-feira (11), as
injeções foram aplicadas pelo próprio "Montanha". Ele afirmou no vídeo
distribuído pela agência Barcroft que sabe que a estratégia é perigosa,
citando inclusive a perda de um amigo após sofrer com problemas pelo
excesso de aplicações das substâncias. Na cidade, o pernambucano virou
atração turística, mas sua família teme pela sua saúde. Procurado pelo G1, Arlindo não quis dar entrevista.
José Carlos de Oliveira, amigo do "Popeye pernambucano", responsável por
gravar e publicar na internet um vídeo que mostra os músculos
artificiais do brasileiro. Ele conta que conheceu Arlindo quando ele
tinha um corpo normal. "Era bem malhado, mas depois, começou a fazer
isso", disse.
Segundo Oliveira, Montanha chegou a misturar o óleo com anabolizantes.
"Ele é gente boa, mas por não ter conhecimento acaba fazendo uma coisa
que não deveria", explica. "Somos amigos até hoje, mesmo sendo muito
diferentes. Vou na casa dele, ele vem na minha”, diz Oliveira.
A intenção de Arlindo, segundo Oliveira, é ser mais forte do que todo
mundo. Mas o amigo enxerga o risco: "Aquilo não é músculo. Tenho um
amigo que morreu por injetar assim. Aqui é muito comum malhar, algumas
pessoas usam esse tipo de anabolizante, mas é errado", diz o vigilante.
As informações são do Bem Estar.