domingo, 13 de outubro de 2013

Farmacêuticos poderão prescrever medicamentos à população

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O Conselho Federal de Medicina se manifestou contrário à resolução e, inclusive, já avisou que vai recorrer da decisão na Justiça.

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Farmacêuticos poderão prescrever medicamentos à população
Foto: Ilustrativa
Uma resolução do Conselho Federal de Farmácia permite que farmacêuticos passem a prescrever à população alguns medicamentos que já vendidos sem a exigência de receita médica, como analgésicos, antitérmicos e fitoterápicos. A medida foi públicada no último dia 05 e terá 180 dias para ser implantada.

Como esses medicamentos já são comprados e consumidos sem o menor assessoramento profissional por aquelas pessoas que preferem se automedicar a procurar por um médico particular, ou enfrentar as quilométricas e demoradas filas do SUS, o Conselho Federal de Farmácia, na tentativa de mudar isso, preparou essa resolução, para dar o mínimo de garantia à população e ampliar e valorizar a função do profissional que trabalha nas farmácias.

“Sou completamente favorável a essa resolução, pois significa um grande avanço, no que diz respeito à valorização do profissional de farmácia. Também vejo a medida como uma forma de tentar proporcionar um pouco mais de garantia e segurança para a população, visto que prescreveremos apenas medicamentos que, apesar de serem vendidos sem a necessidade de receita, podem causar algumas complicações, sim, mas, apesar disso, são comercializados e consumidos indiscriminadamente. Isso é uma maneira de se exercer um maior controle. Não queremos, de jeito nenhum, substituir ou diminuir a competência dos médicos”, disse a farmacêutica Karinne Dórea.

O taxista Everaldo de Jesus Lima disse aprovar a resolução, pois, segundo ele, é uma garantia a mais para algo que já é feito sem o menor controle. “Eu sou a favor, porque o brasileiro já tem o hábito de se automedicar. As pessoas sentem uma febre ou dor de cabeça e correm para a farmácia para comprar esses medicamentos sem auxílio nenhum. Agora poderemos nos aconselhar com um profissional que entende muito mais de medicamentos do que a maioria das pessoas. É melhor do que se automedicar sem orientação nenhuma”, ressaltou o taxista.

O Conselho Federal de Medicina se manifestou contrário à resolução e, inclusive, já avisou que vai recorrer da decisão na Justiça. Entretanto, vale ressaltar que hoje, no Brasil, dos 26 medicamentos mais vendidos no país, 25 não necessitam de receita médica, dentre eles, cinco são remédios para dor, medicamentos que são comercializados e consumidos livremente, sem o menor controle ou cuidado e é justamente isso que a resolução tenta amenizar, uma vez que, segundo Alan Brito, conselheiros do Conselho Regional de Farmácia do Estado da Bahia - Seccional Feira de Santana, o papel dos farmacêuticos se limitará à prescrição de medicamentos que já são vendidos indiscriminadamente e à orientação de como administrar as doses corretamente, assim como explicar os possíveis efeitos colaterais de cada medicação.




O Delegado Regional do Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (CREMEB), Aderbal d’Aguiar, se diz contra a resolução, pois para ele a prescrição de medicamentos é um ato médico, cabendo exclusivamente ao médico esta responsabilidade.

“Não compete ao farmacêutico tal responsabilidade, porque uma dor de cabeça, que é tido como algo simples, pode ser indício de uma doença bem mais séria, como um Acidente Vascular Cerebral (AVC), um aneurisma ou até mesmo um tumor. Que preparo um farmacêutico tem para diagnosticar uma doença dessas? Nenhum! Uma febre pode ter desdobramentos mais drásticos, visto que é apenas um sintoma. E se for uma virose? O farmacêutico vai apenas combater o sintoma, sem saber ao certo o que é que o paciente tem? E se for um quadro viral? As pessoas vão se consultar e medicar com o farmacêutico, usar medicamentos para combater os sintomas e a doença vai se agravando, sem contar que inúmeras doenças, quando diagnosticadas precocemente, podem ser combatidas e curadas com maior chance de êxito e nesses casos, em que uma dor de cabeça ou uma febre podem representar sintomas de doenças bem mais graves, isso irá retardar o tratamento adequado e comprometer ainda mais a saúde do paciente. Como tudo nesse governo, acho isso um ato intempestivo e precipitado. É mais uma resposta política a um problema de saúde pública”, disparou d’Aguiar.
Folha do Estado