O Papa Francisco criticou ontem "um sistema económico
que tem no seu centro um ídolo chamado dinheiro". Foi durante um
discurso em Cagliari, na Sardenha, onde ouviu os testemunhos de três
pessoas cuja vida mudou devido à crise — um desempregado, um pastor e
uma empresária. Todos falaram da falta de trabalho e da falta de
esperança.
"Perdoem-me se estas
palavras forem um pouco fortes, mas digo a verdade: a falta de trabalho
faz-nos sentir sem dignidade. E esta tragédia é a consequência de um
sistema económico que colocou no seu centro um ídolo chamado dinheiro".
O
Papa falou da sua experiência com a realidade do desemprego e da
precaridade. "Não posso propriamente dizer que experimentei esse
sofrimento mas a minha família sim", disse, citado pela AFP. "O meu pai
partiu da Argentina para tentar uma oportunidade na América. Sofreu a
terrível crise de 1929 e perdeu tudo", disse, contando que como nasceu
em 1936 não assistiu ao drama familiar, mas foi marcado por ele na
infância, ao ouvir as conversas da família.
O Papa foi aplaudido por uma multidão emocionada (muitas pessoas choraram), e foi então, relata o El País,
que confessou o seu receio de as suas palavras soarem a falsas. "Devo
dar-vos ânimo. Mas também sei que devo fazer tudo o que puder para que
esta palavra não seja só uma bela palavra que dizemos. Quero que este
encontro me leve a fazer tudo o que posso como pastor e como homem".