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Em algumas regiões do Brasil, é comum que pessoas saiam às ruas para
distribuir doces e brinquedos para crianças no dia 27 de setembro.
É quando se comemora o Dia de São Cosme e Damião.
Os dois foram gêmeos médicos que passaram a vida ajudando os mais pobres
sem cobrar nada. Eles são conhecidos como os protetores dos
farmacêuticos, dos médicos, dos gêmeos e também das crianças.
Quer saber mais? Confira na íntegra a reportagem publicada sobre eles na "Folhinha", em setembro de 1997.
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Gêmeos eram meninos médicos
Há muito tempo, havia uma senhora sem filhos. Vivia cercada de riqueza,
mas sentia falta da alegria das crianças. Durante um ano, nos dias
pares, ela subiu a uma montanha e fez orações pedindo a Deus a graça de
ter filhos. Seu desejo foi realizado e, no dia 27 de setembro, nasceram
dois meninos, gêmeos idênticos, a quem ela chamou Cosme e Damião.
Aos 7 anos, Cosme e Damião já exerciam a medicina e faziam muitas curas.
Não cobravam para atender os doentes e ofereciam doces para diminuir a
tristeza deles. Os médicos do reino, que exploravam os pobres, não
gostavam daquilo, e a notícia chegou ao imperador. O rei mandou
persegui-los. Mas até os 17 anos Cosme e Damião continuaram curando o
povo das doenças e não foram capturados.
Filho do rei adoece
Certo dia, o filho do imperador ficou doente e foi desenganado pelos
médicos do reino. Sabendo que o menino ia morrer, o rei mandou que seus
soldados fossem buscar Cosme e Damião. Os soldados acharam os dois
médicos vestidos com uma roupa muito linda, azul e cor de rosa, com
algumas folhas de palmeira na mão. Imediatamente levaram os gêmeos até o
imperador. Cosme e Damião conseguiram o que parecia impossível,
devolveram a saúde ao menino.
Ana Ottoni/Folhapress | ||
Imagem dos santos em cerimônia de comemoração ao dia de São Cosme e Damião no Memorial da América Latina |
O pagamento pela cura
Depois da cura, o imperador ordenou aos jovens que usassem seus dons
apenas para ele e que o adorassem como a um deus. Cosme e Damião
responderam que só reconheciam Jesus Cristo como Deus e que seus
conhecimentos eram para ajudar o povo.
O rei não gostou da resposta e mandou torturar os médicos, para que
negassem sua fé. Como isso não aconteceu, ordenou que os dois fossem
decapitados. A mãe dos gêmeos ergueu um altar em casa em homenagem aos
seus filhos, enfeitando com flores e doces. As pessoas doentes que iam
visitar o altar ficavam boas e, assim, Cosme e Damião se tornaram
santos.
Essa história [abaixo] foi contada por Maria José Gomes da Silva, 65, a
Dona Zezinha, uma mãe de santo (sacerdotisa) do candomblé.
Os dois santos e candomblé
No candomblé, religião de origem africana, os orixás protegem as pessoas
que acreditam neles. A religião diz que toda pessoa que tem santo
também tem um erê, orixá menino. Os erês são confundidos com os ibejis,
orixás meninos, sempre gêmeos. Os ibejis são cultuados na Nigéria, país
com maior número de nascimento de crianças gêmeas no mundo.
A festa dos erês acontece na mesma época da dos santos católicos Cosme e
Damião. É comum em vários lugares do Brasil oferecer caruru a Cosme e
Damião. Além de caruru, feito com quiabo, há outras comidas, como xinxim
de galinha, vatapá, acarajé, banana frita no dendê. Na festa, a comida
primeiro é servida às crianças.