Porque o excesso de sal nas suas águas torna a vida
praticamente impossível por ali. Com exceção da bactéria Haloarcula
marismortui, que consegue filtrar os sais e sobreviver nesse cemitério
marítimo, todos os organismos que chegam ao mar Morto morrem
rapidamente. Outra característica curiosa é que ninguém consegue afundar
nas suas águas, graças novamente à alta concentração salina, que o
torna muito mais denso do que o corpo humano. Os oceanos têm uma média
de 35 gramas de sal por litro de água, enquanto o mar Morto tem quase
300 gramas. Isso se deve basicamente a sua localização - na divisa entre
Israel e Jordânia. A região é quente e seca, o que acelera a evaporação
e impede a reposição da água pela chuva - em um ano chove tanto quanto
um dia chuvoso em São Paulo. Além disso, o mar Morto é o local mais
baixo do planeta: alguns pontos ficam a mais de 400 metros abaixo do
nível dos oceanos. Isso significa que grande parte das partículas que se
soltam dos terrenos a sua volta escoam em sua direção. Para piorar, o
rio Jordão, que ajuda a alimentá-lo, foi desviado em várias partes para
irrigar plantações. Ou seja, com o perdão do trocadilho, o mar Morto
está morrendo. O diretor do Instituto Geológico Israelense, Amos Bein,
garante que ele não corre risco de secar completamente, mas, por via das
dúvidas, já está em fase de planejamento o "Canal da Paz", um aqueduto
de mais de 80 quilômetros que puxaria água do mar Vermelho para salvar
esse "defunto".