Em rara entrevista de um cardeal brasileiro nos últimos dias, d.
Raymundo Damasceno Assis disse ontem que os "papáveis" mais lembrados
pela imprensa --incluindo o compatriota d. Odilo Scherer-- têm algum
grau de apoio de outros cardeais e previu que o conclave terminará até o
fim da semana, devido ao bom andamento das reuniões preparatórias.
Descontraído e bem-humorado, d. Raymundo, 76, foi o único dos cinco
cardeais do Brasil a dar entrevista mais extensa desde o início das
reuniões preparatórias. Ele disse que está tranquilo por não figurar
entre os "papáveis": "Imagino que d. Odilo deva estar passando apuros".
"É muito difícil dizer se alguém tem realmente a convergência da maioria
dos votantes, mas, se apareceu na imprensa, temos de admitir a
possibilidade de um desses cardeais serem eleitos", acrescentou.
O presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil)
ressaltou, no entanto, que a escolha ainda está aberta: "Pode haver
surpresa. Se o futuro papa já estivesse definido com antecedência, não
precisaria de conclave".
Ele revelou que ocupará o quarto 418 da Casa Santa Marta, onde os 115
cardeais se instalam na terça-feira de manhã, horas antes do início
oficial do conclave. Previu que o papa deve sair rapidamente porque as
reuniões preparatórias, que terminam hoje, "deram, de certa forma, o
perfil do novo papa".
Mas o cardeal, mineiro de Capela Nova, levará roupa para sete dias.