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verdades que podem desaparecer |
Assim como São Paulo, que ontem
passou a internar compulsoriamente os dependentes químicos, a Bahia
também vai internar à força dependentes químicos.
Uma equipe com profissionais de saúde será criada pela Superintendência
de Prevenção e Acolhimento aos Usuários de Drogas e Apoio Familiar
(Suprad), órgão vinculado à Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos
Humanos. A previsão do governo do estado é que a equipe já esteja nas
ruas do Centro Histórico em março.
Desde segunda (21), após parceria do poder Judiciário com o governo do
estado de São Paulo, 50 agentes fazem abordagens nas ruas do Centro da
capital. Se for atestado que o viciado não tem domínio da sua própria
saúde e condição física e este se negar a receber tratamento, um juiz
poderá determinar sua internação.
“Esse tipo de internação feita em São Paulo será feita aqui também no
Centro Histórico. Aqui em Salvador, nós não temos uma cracolândia nos
moldes da Estação da Luz (em São Paulo). Temos alguns pontos que têm
características parecidas, como por exemplo o Centro Histórico, onde há
uma grande concentração com pessoas que vêm até do interior. Não é
igual, mas requer intervenções”, explica a superintendente da Suprad,
Denise Tourinho, destacando que antes da internação compulsória a equipe
trabalhará tentando se aproximar do usuário de drogas, conviver e
criar confiança.
Os casos de internação compulsória são quando o dependente está em
risco e, mesmo sem autorização da família, a internação é determinada
por um juiz competente, depois de pedido feito por um médico, atestando
que a pessoa não tem domínio sobre suas condições psicológicas e
físicas.
“Vai ser uma ação cotidiana. Vamos trabalhar com muita tranquilidade.
90% dos casos não precisam de internação. Precisam de orientação”,
acrescenta Tourinho.
A Câmara Setorial de Enfrentamento ao Crack, criada pelo programa Pacto
pela Vida, terá um grupo de trabalho para acompanhar quinzenalmente os
casos de internação compulsória. Após o período de crise, que, segundo
Tourinho, costuma demorar em média 17 dias, o dependente tem condições
de decidir se quer acompanhamento voluntário.
Centro Histórico - A criação da equipe específica para
o Centro Histórico, local considerado prioridade pelo governo, faz
parte do plano Viver Sem Drogas que foi implantado há um ano e um dos
braços do programa estadual Pacto Pela Vida, do qual fazem parte também
as Bases Comunitárias de Segurança.
“As questões relacionadas às drogas não são só de polícia. Nossa
proposta é chegar nessas pessoas sem violação de direitos. O trabalho é
numa perspectiva de convencimento dos usuários”, diz Tourinho. Há ainda a
previsão de estender para outros locais, “onde houver necessidade”.
Problemas - Tourinho, porém, destaca problemas na
internação. “Chegar até o usuário e determinar a internação compulsória é
fácil. O difícil é a rede de saúde atender a todas essas pessoas”.
A saída para o Estado é internar em hospitais gerais. “Precisa de
acompanhamento médico para tirar da abstinência. Estou falando de
pessoas que estão nas ruas, degradadas, às vezes armadas, usando de 20 a
30 pedras de crack por dia, misturando com álcool. Estas pessoas não
estão em condições de decidir. O encaminhamento destas pessoas só conta
atualmente com os hospitais gerais”, destaca a superintendente da
Suprad, admitindo que o Estado precisa implantar mais leitos
psiquiátricos em hospitais gerais. “Nós temos 800 vagas por ano”, diz.