Cabe ao vereador mostrar os problemas da comunidade e buscar
providências junto aos órgãos competentes. Mas, não é só isso. Cabe-lhe
também a função de fiscalizar as contas do Poder Executivo Municipal e
do próprio Legislativo. Um dos pré-requisitos básicos da democracia é a
existência de um Poder Legislativo forte e realmente independente. Sem
isso, a democracia é deficiente. No Brasil, apesar das leis falarem
claramente em “poderes independentes e harmônicos entre si”, ainda falta
muito para que isso vire realidade.
Lamentavelmente, as contradições começam a nível nacional e estadual,
quando temos parlamentares, em sua maioria, subserviente e fiéis aos
interesses políticos e econômicos do Executivo. Em especial nas Câmaras
Municipais, é vergonhoso. Prefeitos detêm a maioria dos vereadores os
quais mantêm com um “empreguinho” para os parentes e amigos, um
benefício aqui, outro ali, e assim, o edil fica cada vez mais distante
do verdadeiro papel do vereador.
Cabe à
população esclarecida, exercer bem o seu direito de escolha, quando
chamada às urnas para indicar sua representação. É muito comum ouvir:
“vereador não serve para nada”.
A
Câmara de Vereadores exerce a função do Poder Legislativo na esfera
municipal. Os vereadores são eleitos através do voto direto, cujo
mandato tem duração de quatro anos, sendo a reeleição ilimitada. A
quantidade de membros desse cargo político é estabelecida através do
contingente populacional de cada município (quanto mais habitantes,
maior será o número de vereadores de uma cidade). Contudo, foi
estabelecido um número mínimo de 9 e um máximo de 55 vereadores por
município. Em Feira de Santana este número é de 21 edis.
Para se candidatar é necessário atender aos seguintes requisitos:
Ter
nacionalidade brasileira; Estar filiado em algum partido político; Ter
idade mínima de 18 anos; Possuir domicílio eleitoral no município pelo
qual concorre ao cargo; Ter pleno exercício dos direitos políticos.
Os vereadores são eleitos juntamente com o prefeito de um município, e
têm a função de discutir as questões locais e fiscalizar o ato do
Executivo Municipal (Prefeito) com relação à administração e gastos do
orçamento. Eles devem trabalhar em função da melhoria da qualidade de
vida da população, elaborando leis, recebendo o povo, atendendo às
reivindicações, desempenhando a função de mediador entre os habitantes e
o prefeito.
Outra importante atribuição
a um vereador é a elaboração da Lei Orgânica do Município, que consiste
numa espécie de Constituição Municipal, onde há um conjunto de medidas
para proporcionar melhorias para a população local. O prefeito, sob
fiscalização da Câmara de Vereadores, deve cumprir a Lei Orgânica.
Quanto ganha um vereador?
De acordo com a Constituição Federal, cada município, obedecendo aos
valores máximos de remuneração, deve estabelecer o valor do subsídio
(salário) dos vereadores. Esses valores são definidos conforme o
contingente populacional de um determinado município. Exemplo: de 50 mil
a 100 mil habitantes, o salário será de até (máximo) 40% do subsídio
destinado aos deputados estaduais; municípios com mais de 500 mil
habitantes, que é o caso de Feira de Santana, 75% do salário dos
deputados estaduais. A partir do ano que vem cada vereador feirense
receberá R$15.031,76.
Atualmente o
Brasil possui 57.748 vereadores. Entretanto, nas eleições deste ano,
esse número será de 59.500, visto que a população brasileira está em
constante crescimento.
E aqui fica a
pergunta: será que o vereador que presta apoio político incondicional ao
Prefeito em troca de “benefícios” pessoais, exercerá livremente a
função de fiscalizá-lo? Não. E é isso que acontece na maioria das
cidades brasileiras. Isso precisa ser mudado.Vereador deve ser
independente, atuante, polêmico, e deve sempre ter a coragem de
concordar com o que considerar certo e discordar do que considerar que
esteja errado. É isso que a população deve observar e cobrar de seus
representantes. Aliás, a população precisa frequentar as reuniões dos
Legislativos Municipais, para saber como estão se comportando os
“representantes do povo”. Também é válido lembrar que pela estrutura
social brasileira, ao vereador é sempre cobrada a função de assistente
social. Isso vem de longe. São os costumes “coronelísticos” que
persistem, como herança política da República Velha.
Infelizmente, devido à realidade de pobreza da maioria dos nossos
municípios, ainda se pensa assim, o que torna desfigurada a ação
política. Essa mentalidade tanto compromete o eleitor, vítima maior, por
falta de educação política, quanto ao vereador, que não dispondo de
condições materiais para solucionar os problemas do seu eleitorado,
obriga-se ao "cabresto" do prefeito. Mas, tanto no caso do eleitor como
do vereador, predomina-se a escassez de educação política.
Precisamos de vereadores atuantes, dispostos a romperem com os costumes
persistentes de subserviência e vício. O vereador deve agir sem apego a
benefícios pecuniários. Ele deve usar a prerrogativa de denunciar
possíveis fraudes envolvendo dinheiro público, sobretudo pela tendência
descentralizadora existente, pois recursos estão indo direto para as
mãos dos prefeitos, como é o caso do Ensino Fundamental. Vereador
consciente contribui efetivamente para o desenvolvimento humano do seu
município, ajudando o povo a pensar e se organizar.