Se o desempenho da rede pública no ensino médio, segundo os dados do
Ideb 2011, foi pífio, o dos colégios particulares do país também ficou
abaixo do esperado para escolas que cobram mensalidades: no ensino
médio, em nenhuma região a rede privada cumpriu a meta prevista pelo
MEC.
A
rede particular de pior desempenho foi a de Sergipe, com Ideb 4,8 (a
meta era 5,8). O Rio, com 5,5, ficou acima da meta em 0,1 ponto, mas
caiu em relação a 2009, quando tinha 5,7.
No nível fundamental, as
escolas particulares também ficaram abaixo da meta nos anos finais;
entre as regiões, apenas o Centro-Oeste conseguiu cumprir o
estabelecido: 5,9. E, nos anos iniciais do fundamental, somente Sul e
Centro-Oeste ultrapassaram suas metas.
— Se a rede pública não
melhora, a privada não tem estímulo para melhorar mais. Há um
diferencial constante entre as redes — avalia Naércio Menezes Filho, do
Insper.
— No ensino médio, desde 2005, a rede está estagnada.
Cresceu 0,1 ponto. Mesmo no fundamental, avançou pouco — diz o
pesquisador em Educação Mozart Ramos: — É preciso um ensino médio mais
interativo. A formação do professor tem de mudar, além do currículo. Há
excesso de disciplinas. O aluno vai à escola, mas as aulas não dialogam
com o cotidiano.
Analisada por amostragem — o Inep sorteia as
escolas, e as secretarias estaduais de Educação comunicam aos
estabelecimentos privados que eles serão avaliados —, a rede não cumpriu
nenhuma das metas para 2011.
Presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Amábile Pacios diz que “a rede considera ter cumprido a meta”:
—
A rede privada eleva a média do Ideb no Brasil, e ainda assim as
escolas não sabiam o que era esperado, não sabiam a meta. Foi
satisfatório e foi consequência do bom trabalho que realizam — diz
Amábile, afirmando que o MEC não dialoga com a rede.
O MEC diz que
“todas as redes receberam os dados do Ideb preliminarmente, com período
definido para conferência e correção de eventuais inconsistências
identificadas”.
Coordenador da Confederação Nacional das
Associações de Pais de Alunos, Luis Claudio Megiorin diz que a
informação de que as escolas particulares não sabiam qual era a meta do
Ideb não procede.
— É impossível, há representantes das escolas
particulares no Fórum Nacional de Educação, onde está também o MEC. É o
mesmo que o aluno dizer que não sabia que tinha prova — afirma Megiorin,
dizendo ser “preocupante” o resultado da rede privada e lembrando que a
confederação pediu ao Inep que o Ideb passasse a ser para toda a rede, e
não por amostragem.
Responsável pela criação do Ideb quando foi
presidente do Inep, o professor de Economia da USP Reynaldo Fernandes
também defende que a rede privada deixe de ser avaliada apenas por
amostragem:
— Não porque haja problemas com o diagnóstico por
amostragem. Mas, expandindo, teríamos o resultado por escola, e talvez
elas se preocupassem em melhorar — diz Fernandes, que atribui o
desempenho abaixo do esperado à dificuldade de se avançar quando o
resultado já é bom: — Não é que haja um limite, mas tanto as escolas
públicas que já tinham bom resultado quanto as privadas estão tendo
dificuldade de continuar se aperfeiçoando.