quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Rede privada não cumpre meta de qualidade do MEC

 
Se o desempenho da rede pública no ensino médio, segundo os dados do Ideb 2011, foi pífio, o dos colégios particulares do país também ficou abaixo do esperado para escolas que cobram mensalidades: no ensino médio, em nenhuma região a rede privada cumpriu a meta prevista pelo MEC.
A rede particular de pior desempenho foi a de Sergipe, com Ideb 4,8 (a meta era 5,8). O Rio, com 5,5, ficou acima da meta em 0,1 ponto, mas caiu em relação a 2009, quando tinha 5,7.
No nível fundamental, as escolas particulares também ficaram abaixo da meta nos anos finais; entre as regiões, apenas o Centro-Oeste conseguiu cumprir o estabelecido: 5,9. E, nos anos iniciais do fundamental, somente Sul e Centro-Oeste ultrapassaram suas metas.
— Se a rede pública não melhora, a privada não tem estímulo para melhorar mais. Há um diferencial constante entre as redes — avalia Naércio Menezes Filho, do Insper.
— No ensino médio, desde 2005, a rede está estagnada. Cresceu 0,1 ponto. Mesmo no fundamental, avançou pouco — diz o pesquisador em Educação Mozart Ramos: — É preciso um ensino médio mais interativo. A formação do professor tem de mudar, além do currículo. Há excesso de disciplinas. O aluno vai à escola, mas as aulas não dialogam com o cotidiano.
Analisada por amostragem — o Inep sorteia as escolas, e as secretarias estaduais de Educação comunicam aos estabelecimentos privados que eles serão avaliados —, a rede não cumpriu nenhuma das metas para 2011.
Presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Amábile Pacios diz que “a rede considera ter cumprido a meta”:
— A rede privada eleva a média do Ideb no Brasil, e ainda assim as escolas não sabiam o que era esperado, não sabiam a meta. Foi satisfatório e foi consequência do bom trabalho que realizam — diz Amábile, afirmando que o MEC não dialoga com a rede.
O MEC diz que “todas as redes receberam os dados do Ideb preliminarmente, com período definido para conferência e correção de eventuais inconsistências identificadas”.
Coordenador da Confederação Nacional das Associações de Pais de Alunos, Luis Claudio Megiorin diz que a informação de que as escolas particulares não sabiam qual era a meta do Ideb não procede.
— É impossível, há representantes das escolas particulares no Fórum Nacional de Educação, onde está também o MEC. É o mesmo que o aluno dizer que não sabia que tinha prova — afirma Megiorin, dizendo ser “preocupante” o resultado da rede privada e lembrando que a confederação pediu ao Inep que o Ideb passasse a ser para toda a rede, e não por amostragem.
Responsável pela criação do Ideb quando foi presidente do Inep, o professor de Economia da USP Reynaldo Fernandes também defende que a rede privada deixe de ser avaliada apenas por amostragem:
— Não porque haja problemas com o diagnóstico por amostragem. Mas, expandindo, teríamos o resultado por escola, e talvez elas se preocupassem em melhorar — diz Fernandes, que atribui o desempenho abaixo do esperado à dificuldade de se avançar quando o resultado já é bom: — Não é que haja um limite, mas tanto as escolas públicas que já tinham bom resultado quanto as privadas estão tendo dificuldade de continuar se aperfeiçoando.
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