No quarto discurso para tentar
convencer os senadores a votarem contra o pedido de cassação de seu
mandato, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) insistiu que as
gravações feitas pela Polícia Federal e que o incriminam contêm indícios
de montagens e edições.
Essa é a principal tese da defesa do senador, desde o início do
processo contra ele, apesar das decisões judiciais que consideram as
provas legais.
Nesta sexta-feira (6), ao se defender no plenário do Senado,
completamente vazio, Demóstenes se respaldou em um laudo do perito
criminalístico Joel Ribeiro Fernandes. "O perito comprova cabalmente que
houve a edição", disse Demóstenes, ao ressaltar que frases foram
divulgadas de forma descontextualizada para incriminá-lo. "Há robustos
indícios de edição. Quem está dizendo é o perito, talvez o melhor perito
em mídias forenses do Brasil", destacou o senador em seu discurso de 30
minutos.
O julgamento de Demóstenes está marcado para a próxima quarta-feira
(11) no plenário da Casa. Para cassar o mandato de Demóstenes, são
necessários 41 dos 81 votos dos senadores. A votação é secreta.
Desde o início da semana, Demóstenes optou por fazer discursos diários
com o objetivo de convencer os senadores de sua inocência. Ele havia
ficado em silêncio desde a divulgação das denúncias, deixando as
declarações a cargo de seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro.
Hoje, ele alegou que não há indícios em todo processo de que ele teria
recebido vantagens indevidas de sua relação com o empresário goiano
Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, investigado como
líder da organização criminosa que teria cooptado empresários e
políticos. Demóstenes é acusado de usar o mandato para beneficiar o
empresário goiano.
"Não encontraram nenhuma relação minha com negócio ilegal, com
enriquecimento ilícito no processo inteiro. Não tem milhão, não tem mil,
não tem centavo. Só tem o salário que recebo aqui como senador da
República", disse o senador.
A constitucionalidade do pedido de cassação de Demóstenes foi aprovada
por unanimidade pela CCJ em votação nominal e aberta. No Conselho de
Ética, o relatório que pede a sua cassação também recebeu a totalidade
dos votos dos integrantes.