Indispensável nas festas juninas, nesta época do ano os licores
são vendidos em cada esquina na cidade e mesmo em grandes redes de
supermercados são oferecidos como oriundos de fabrico caseiro, o que nem
sempre pode ser comprovado porque nos rótulos faltam informações sobre o
nome do fabricante e os contatos telefônicos para o caso de
reclamações. E, mais grave, também não constam nas garrafas dados sobre a
procedência da cachaça utilizada, nem seu teor alcoólico. Em Salvador é
comum avistar cartazes oferecendo o legítimo licor de Cachoeira, sem
que se saiba ao certo se o produto foi fabridado por de produtores
daquele município ou se sofreu alguma alteração. Para evitar problemas
de saúde, os consumidores têm como alternativa recorrer a fabricantes
tradicionais, que, além de fornecer seus contatos telefônicos, trabalham
há décadas neste ramo.
Este é o caso de Paulo Sérgio Vieira, mais conhecido como Paulo Lé,
que trabalha nesta área há cerca de 35 anos, desde o tempo em que
ajudava os pais nas vendas do produto na antiga Feira da Fonte Nova, nas
proximidades do Dique do Tororó. "Meu pai Antonio Vieira e minha mãe,
Raimunda do Feijão, produziam o licor e vendiam antes de eu nascer. Um
dia, meu pai ficou doente, fui ajudar minha mãe e nunca mais parei",
explica Paulo Lé, que tem atualmente uma banca no fim de linha do
Nordeste de Amaralina, bairro onde sempre viveu e onde é agente
comunitário de saúde e presidente do conselho de segurança pública.
Interessado e criativo, ele buscou conhecimento téorico na Escola do
Senac onde fez curso de barman. Dai começou a dar asas à imaginação e a
cada ano lança um novo produto. Em 2012, o carro-chefe é o cralicamel
(cravo, limão, canela e mel) que está sendo bastante procurado. Mas,
admite, os licores de jenipapo, passas, tamarindo e maracujá são os mais
vendidos devido aos hábitos de consumo tradicionais dos baianos.
Paulo Lé orienta os consumidores a ficarem atentos à qualidade dos
produtos que estão comprando, porque muita gente que não tem a menor
experiência compra produtos em quantidade e vende sem qualquer cuidado
com a origem e a conservação. Ele diz que para evitar comprar uma bebida
que contenha água para render mais dinheiro a negociantes
inescrupulosos, o comprador deve balançar a garrafa e verificar se as
bolhas levam um longo tempo para se dissolver. Ele também alerta que
licores de algumas frutas como cajá e coco mudam o sabor se não forem
consumidos em pouco tempo, o que não ocorre com jenipapo, ameixa e
passas que, por terem sua calda fervida duram muitos anos.