terça-feira, 1 de maio de 2012

Caatinga vive maior seca em 30 anos e ameaça de colapso agrícola

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Desertificação em Irauçuba, no interior do Ceará
Foto: Arquivo

Desertificação em Irauçuba, no interior do Ceará Arquivo
RIO - Dentro de um Brasil admirado no mundo inteiro por seu desenvolvimento econômico há outro país, ainda invisível ao progresso e contaminado por um problema crônico — a aridez — que só faz piorar. A nação da Caatinga, formada por 1.482 municípios espalhados por 1,3 milhão de quilômetros quadrados, vive sua maior estiagem dos últimos 30 anos. Só na Bahia, mais de 214 cidades já declararam estado de emergência. Rios secaram a ponto de se restringirem à areia fina.
Este evento extremo vai se resolver, mas, em breve, pode ser seguido por outro. E, entre uma seca e outra, a produção agrícola entra em colapso — fenômeno agravado pelo clima global.
Todas as projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas apontam a Caatinga como o bioma mais frágil do país. É, na verdade, a maior área do mundo suscetível à desertificação. Em algumas regiões de Pernambuco, a temperatura média já aumentou 3 graus Celsius desde 1960. Considerando todo o Nordeste, os termômetros teriam ganhado, em média, 1,5 grau Celsius no mesmo período.
— Um bioma consegue se regenerar com, no mínimo, 50% da cobertura original. A Caatinga só tem 45% — alerta Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária. — A chance de desertificação, portanto, é muito grande. E não há qualquer ação coordenada para salvar esta região.
De acordo com a Embrapa, haverá, em todo o Nordeste, uma grande queda na produção de milho, arroz, feijão, algodão, girassol e mandioca nas próximas décadas. Estas culturas conseguem sobreviver na Zona da Mata, onde há lençóis freáticos que sustentam estas plantações, mas não no interior. No semiárido, segundo Assad, sobrevivem planos de “convivência com a seca”, como fruteiras que produzem jaca e manga, mas sem os devidos recursos e divulgação.
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