terça-feira, 15 de maio de 2012

A SECA VOLTOU

 
Bateu asas e voltou



LUCIANO SUEDDE

Depois de aproximadamente 30 anos o sertanejo nordestino volta a sofrer com a seca implacável.
Tragédias e catástrofes não ocorrem apenas por causa das intempéries do tempo. Na Bahia 215 municípios vivem a maior estiagem de todos os tempos.
Quando se deu recentemente no Sul e Sudeste do país a maior das cheias, por conta das chuvas excessivas, promoveu-se uma campanha nacional de solidariedade. Doações foram entregues, verbas do governo federal foram destinadas a combater a miséria que se abateu sobre aquela população.
Hoje, a população nordestina lamenta a perda de toda a sua produção, convive com a morte do gado, a falta d´água constante já não permite que a vida siga adiante. O sertanejo de joelhos clama por piedade. Quando será que os olhos dos governos e dos brasileiros enxergarão os irmãos do sertão? Existem inclusive pesquisas e dados que revelam que este é um fenômeno cíclico. Será que não seria possível agir de forma a combater esse mal, antecipadamente, com mais inteligência, vontade política e determinação? E a sociedade organizada, as Igrejas, a Maçonaria, as ONGs, a Imprensa, todos os que se manifestaram pelas cheias do Sul e Sudeste?
O jeito é apelar à poesia e a grandeza do padrinho dos nordestinos, o mestre Luíz Gonzaga: “Seu doutô os nordestino têm muita gratidão / Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão / Mas doutô uma esmola a um homem qui é são / Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão / É por isso que pidimo proteção a vosmicê / Home pur nóis escuído para as rédias do pudê / Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê / Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cume / Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage / Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage / Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage / Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage / Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão / Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação! / Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão / Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos.”