E se não bastasse, lá em Santo Estevão (velho) também ocorreu um completo abandono da história da região do vale do Paraguaçu.
Que foi que Santo Estevão fez para desmerecer tanto?
Após ouvir várias histórias sobre um tanque construído pelos negros escravizados, tivemos a confirmação de magestosa obra do tempo do império através do também historiador Manoel Pompílio da Rocha Filho (nossa referência em história local) que pôde visitar e admirar tamanha construção. E para nossa surpresa, e tristeza, lá está a arquitetura idealizada por algum português, possivelmente o padre jesuíta José de Aragão e Araújo, e executada pelas mãos negras escravizadas.
O que existe lá são duas trincheiras de pedras, uma de cada lado do curso natural, com mais de um metro de altura, num prolongamento médio de mais de 100 metros, construída com rochas acomodadas umas sobre as outras. Existem pedras que pesam desde 500 kg até 1 tonelada, ou mais. E foram as mãos negras
que construiram tamanha obra, hoje esquecida, e mais, violentada com o aval do poder público local que deixa a história ser destruída pelo acaso, permitindo ainda que o esgoto a céu aberto polua o que ainda há de bom naquele local. Urge uma providência do poder público para limpeza da aguada, além da retirada do esgoto.
Esse manancial serviu ao povo que colonizou a região que nos inserimos. Santo Estevão (velho) tem sua história antecedente à nossa, e como nossa patrona, não pode perder o que ainda possui de especial.
Só para lembrar: Foi aqui que se formou a primeira comunidade sob o orago de Santo Estevão na região entre o Jacuípe e o Paraguaçu, e que em decorrência da seca fez o padre Antonio da Costa e Almeida rumar para cá (atual Santo Estevão), vindo a fundar a nova Villa de Santo Estevam de Jacuhype, a partir do manancial encontrado na Baixada do Salgado.
Esperamos que as autoridades de Antonio Cardoso possam responder positivamente a essa matéria, de modo a desenvolver ações que garantam a preservação da história e a recuperação do manancial que serve a comunidade de Santo Estevão (velho), como já estamos fazendo aqui em Santo Estevão (novo).
Francisco Anísio Costa Pinto, pesquisador.