Um mês após o início da greve dos professores,
o impasse entre o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia
(APLB) e o governo do Estado ganha um novo capítulo nesta sexta-feira (11), 24h
depois de o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, entrar
em campo para tentar desatar o nó. Em audiências distintas na residência
episcopal, no bairro da Federação, em Salvador, o religioso se encontrou com o
secretário estadual do setor, Osvaldo Barreto, e membros da entidade de classe –
que o entregaram um documento com as reivindicações – e prometeu intermediar a
situação. Nada de concreto foi firmado. Em entrevista ao Bahia Notícias, o
titular da SEC pontuou o enfraquecimento do movimento, já que, segundo ele, 600
das 1.413 escolas da rede já retomaram o pleno funcionamento. “Coloquei ele a
par do problema e pedi apoio no processo, no sentido de convencer os professores
a retornarem ao trabalho. Eu torço e acho que a entrada de Dom Murilo, como
maior representante da Igreja [Católica] aqui, colabore com a volta às aulas.
Nós queremos restabelecer o diálogo, mas o governo só vai conversar com eles com
o fim da greve. O governo está cumprindo tudo o que está estabelecido em lei.
Não temos nada mais para oferecer”, avisou Barreto, em entrevista ao Bahia
Notícias.
Osvaldo Barreto diz que 42% das escolas estão em 'pleno funcionamento'
O
entendimento não é o mesmo do presidente da entidade de classe, Rui Oliveira,
que desembarcou na noite desta quinta (10) em Brasília com duas missões que
poderão agravar ainda mais o imbróglio. Ele participará, às 11h, de uma reunião
no Ministério da Educação para explicar o motivo da extensa paralisação e
apresentar denúncia contra o Executivo baiano. Logo depois, vai ao Supremo
Tribunal Federal (STF) para ingressar com uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade (Adin) contra a aprovação, no mês passado, dos
projetos de lei que instituíram reajustes salariais de 3%, em 2013, e
4%, até 2014, para a categoria. De acordo com
Oliveira, o governo agregou gratificações trabalhistas na norma para atingir o
piso nacional. “A lei do piso é clara. Para se atingir o valor mínimo de R$
1451, não é permitida a inclusão de vantagens. Isso podia até 2009. Acontece que
o governo não fez antes e fez agora. Isso é ilegal e inconstitucional. Nós
queremos, com a Adin, que o governo federal faça uma intervenção”, argumentou o
sindicalista, que integra o Conselho Federal do Fundeb. Nesta quinta, os
docentes decidiram continuar de braços cruzados e manter a ocupação da
Assembleia Legislativa. Até a próxima terça (15), quando o grupo volta a
discutir os rumos da mobilização, novas ações, como a entrega de rosas em homenagem ao Dia
das Mães, estão previstas.
Osvaldo Barreto diz que 42% das escolas estão em 'pleno funcionamento'