Diferentes meios de comunicação têm afirmado que o
número de pessoas sem emprego no Brasil tem diminuído muito e que estamos
vivendo uma situação de pleno emprego. Recentemente, a própria presidente Dilma
Rousseff fez essa afirmação em discurso na Organização das Nações Unidas. Na
língua portuguesa, uma coisa é plena se ela é cheia, completa, inteira. É
verdade então que existe o pleno emprego no Brasil?
Antes de analisarmos os números e as pesquisas
estatísticas, podemos responder a essa pergunta apenas olhando para as ruas das
cidades brasileiras, para os bairros pobres e favelas. É comum encontrar muitas
pessoas que vivem nas ruas ou que moram em habitações precárias. Também muitos
são os jovens que se envolvem com o crime organizado em virtude da falta de
oportunidades. A própria presidente afirmou que no Brasil vivem 15 milhões de
pessoas abaixo da linha da miséria, ou seja, com menos de R$ 70 por mês.
Evidentemente, essa não é uma situação de pleno emprego.
A grande maquiagem que permite aos ideólogos
burgueses encher a boca para afirmar que existe pleno emprego no Brasil acontece
na forma como se realizam as pesquisas sobre o desemprego.
A principal pesquisa sobre desemprego no Brasil é
a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). A primeira grande deficiência dessa pesquisa é sua
abrangência. Apenas as Regiões Metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife são pesquisadas. Grandes cidades do
interior e de várias regiões do país não são consideradas.
Além disso a pesquisa define, entre todos os
moradores dessas regiões metropolitanas, aqueles que fazem parte da População
Economicamente Ativa (PEA), que são, para os pesquisadores, as pessoas
produtivas da sociedade. Estão excluídas da PEA as pessoas que não procuraram
emprego nos últimos 30 dias (mesmo que um motivo de força maior as tenha
impedido), estudantes que precisam trabalhar mas não encontram emprego e as
trabalhadoras que estão ocupadas nos afazeres domésticos; não importa aos
pesquisadores se essas pessoas precisam de um emprego e querem trabalhar. A
última pesquisa do IBGE afirmou que a PEA nessas regiões é de 24,1 milhões de
pessoas, mas a população total com mais de 16 anos é de quase 40 milhões.