Artifício largamente empregado em governos passados para proporcionar
uma remuneração de mercado a integrantes do primeiro escalão da
Esplanada dos Ministérios, os conselhos de administração e fiscal de
estatais e empresas públicas continuam a ser usados para turbinar os
salários de ministros de Estado.
Levantamento feito pelo Estado
nos 38 ministérios do governo da presidente Dilma Rousseff aponta que
um terço dos ministros integra hoje uma elite do funcionalismo com
supersalários que ultrapassam o teto salarial de R$ 26.723,15. São 13
ministros que engordam seus rendimentos com jetons por participação em
conselhos de empresas.
O campeão é o ministro da Defesa,
Celso Amorim, que acumula seu salário com o pró-labore de R$ 19,4 mil
pagos pela participação no Conselho de Administração da Itaipu
Binacional. São R$ 46,1 mil mensais brutos de remuneração.
A
renda do ministro poderia ainda ser maior, se não houvesse o abate
teto, mecanismo que impede Amorim de acumular na integralidade seus
vencimentos de ministro da Defesa com a aposentadoria do Itamaraty.
Diplomata de carreira, Amorim é aposentado do Ministério das Relações
Exteriores desde 2007.
No comando da área econômica do
governo, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento,
Miriam Belchior, estão empatados na segunda posição do ranking dos mais
bem pagos da Esplanada, com renda mensal bruta de R$ 41,5 mil.
Ambos
são conselheiros da Petrobrás e da BR Distribuidora, com jetons que
alcançam quase R$ 15 mil mensais. Miriam Belchior poderia ganhar ainda
mais: como titular da pasta do Planejamento, ela é obrigada a fazer
parte do Conselho de Administração do BNDES mas, segundo sua assessoria,
abriu mão de receber o pró-labore de R$ 6 mil por essa participação.
O
ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio)
engorda o salário com jetons de dois conselhos: é presidente do Conselho
de Administração do BNDES, onde ganha R$ 6 mil mensais brutos, e
integra também o BNDESPar, recebendo R$ 5,3 mil.
Braço
direito de Dilma, Pimentel usufrui de R$ 38,1 mil por mês de renda. O
vencimento do ministro da Ciência e Tecnologia é inferior ao do
advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que acumula o salário de
ministro com os jetons de duas empresas: BrasilPrev e BrasilCap,
chegando a ganhar R$ 38,7 mil mensais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.