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Grevistas
caminharam com caixão e cruz com fotos de deputados
Raul
Spinassé / Agência A TARDE
Protesto
também simbolizou "morte do projeto de educação na Bahia"
Não
haverá reposição de aulas, caso o Estado mantenha a liminar que determina o
corte do ponto dos professores, afirmou o presidente da APLB-Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Estado, Rui Oliveira, durante assembleia da
categoria, no CAB (Centro Administrativo da Bahia), nesta sexta, 27. A greve
caminha, neste sábado, 28, para o 18º dia, sem que governo e professores ponham
fim ao impasse, que tem gerado prejuízo para cerca de 1,5 milhão de estudantes
em todo o Estado.
Também
nesta sexta, enquanto participava de uma cerimônia de comandantes do 2º
Distrito Naval, no Comércio, o governador Jaques Wagner reiterou a posição do
governo, de que não há possibilidade de reajustar o salário dos professores da
rede pública estadual ao nível do piso nacional, fixado atualmente em 22,22%,
sob pena de descumprir o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal.
“Não
existe hipótese alguma de aumentar o piso dos professores para a porcentagem
que eles exigem. Se for dado este aumento, será uma despesa de R$ 500 milhões
por ano”, declarou Wagner, para quem o salário dos professores “está entre os
melhores do país”. “Deve haver um bom senso, pois, tenho de cumprir com o
limite fiscal que é imposto. Peço aos professores que retornem às aulas, para
não acontecer tantos prejuízos aos alunos”, convocou o governador.
Fundeb - Autor de uma tese de doutorado
sobre o antigo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério (Fundef), atual Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), o
professor doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), José
Wellington Aragão desconstrói o discurso que o governo do Estado sustenta.
“É
estranho o Estado dizer que não tem recursos para pagar os professores, uma vez
que 60% das verbas do Fundeb são para o pagamento dos docentes, desde a
pré-escola até o ensino médio”, acrescentou Aragão, ao avaliar que o livre
trânsito do governador Jaques Wagner com a presidente Dilma Rousseff, ambos do
PT, seria um facilitador para a captação dos recursos.
Cortejo
fúnebre -
Carregando um caixão de madeira, acompanhado por cruzes com as fotos dos deputados
da base governista que aprovaram a Lei 19.779/12 – que converte a remuneração
dos docentes de nível médio em subsídio –, os professores saíram em cortejo
fúnebre pelas avenidas do CAB, da Assembleia Legislativa, passando pela
Governadoria, até a Secretaria da Educação, para simbolizar o “enterro do
projeto de educação baiano”.
“O
governador manda dizer que está aberto ao diálogo, mas pede que a Justiça
determine o corte do ponto. Dessa maneira, o ano letivo vai ficar comprometido
porque não voltaremos às aulas”, desafiou o presidente da APLB, Rui Oliveira.
De acordo com o dirigente, a disputa com o Estado deixou de ser jurídica para
se tornar política. “Toda ação cabe recurso. Vamos recorrer até a última
instância”, assegurou Oliveira.
Conforme
a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Educação (Ceduc) do
Ministério Público estadual, procuradora de Justiça Terezinha Lôbo, a APLB tem
15 dias para apresentar a defesa contra o recurso que declarou a greve ilegal,
no último dia 17. Segundo Lôbo, a instituição aguarda a convocação judicial
para se manifestar nos autos do processo. “A mediação independe do resultado da
ação”, afirmou.
*Colaborou
Geisa Lima