Efeitos do Álcool
O álcool é um depressor do Sistema Nervoso
Central e age diretamente em diversos órgãos, tais como o fígado, o
coração, vasos e na parede do estômago.
Em pequenas quantidades o álcool promove uma
desinibição, mas com o aumento desta concentração o indivíduo passa a
apresentar uma diminuição da resposta aos estímulos, fala pastosa,
dificuldade à deambulação entre outros. Em concentrações muito altas, ou
seja, maiores do que 0.35 gramas/100 mililitros de álcool o indivíduo
pode ficar comatoso ou até mesmo morrer.
Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo
com as características pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a
consumir bebidas alcoólicas sentirá os efeitos do álcool com menor
intensidade, quando comparada com uma outra pessoa que não está
acostumada a beber. Um outro exemplo está relacionado a estrutura
física; uma pessoa com uma estrutura física de grande porte
(considerando altura, massa muscular e gordura) terá uma maior
resistência aos efeitos do álcool. Outros fatores estão associados ao
metabolismo do indivíduo, vulnerabilidade genética, estilo de vida e
tempo em que o álcool é consumido
A Associação Médica Americana (The American Medical
Association) considera como uma concentração alcoólica capaz de trazer
prejuízos ao indivíduo 0.04 gramas/100 millilitros de sangue. 1
A tabela abaixo correlaciona os níveis de concentração de álcool no sangue (CAS) e os sintomas clínicos correspondentes.
Quadro 1 - Estágios da intoxicação pelo álcool 2
BAC
(g/100 ml de sangue
ou g/210 l de ar respirado)
|
Estágio
|
Sintomas clínicos
|
0.01 - 0.05
|
subclínico
|
Comportamento normal
|
0.03 - 0.12
|
Euforia
|
Euforia leve, sociabilidade,indivíduo torna-se mais falante.
Aumento da auto-confiança, desinibição, diminuição da atenção, capacidade de julgamento e controle.
Início do prejuízo sensório-motor
Diminuição da habilidade de desenvolver testes
|
0.09 - 0.25
|
Excitação
|
Instabilidade e prejuízo do julgamento e da crítica
Prejuízo da percepção, memória e compreensão
Diminuição da resposta sensitiva e retardo da resposta reativa
Diminuição da acuidade visual e visão periférica
Incoordenação sensitivo-motora, prejuízo do equilíbrio
Sonolência
|
0.18 - 0.30
|
Confusão
|
Desorientação, confusão mental e adormecimento
Estados emocionais exagerados
Prejuízo da visão e da percepção da cor, forma, mobilidade e dimensões
Aumento da sensação de dor
Incoordenação motora
Piora da incoordenação motora, fala arrastada
Apatia e letargia
|
0.25 - 0.40
|
Estupor
|
Inércia generalizada
Prejuízo das funçõesmotoras
Diminuição importante da resposta aos estímulos
Importante incoordenação motora
Incapacidade de deambular ou coordenar os movimentos
Vômitos e incontinência
prejuízo da consciência, sonolência ou estupor
|
0.35 - 0.50
|
Coma
|
Inconsciência
Reflexos diminuídos ou abolidos
Temperatura corporal abaixo do normal
Incontinência
Prejuízo da respiração e circulação sanguínea
Possibilidade de morte
|
0.45 +
|
Morte
|
Morte por bloqueio respiratório central
|
Indivíduos que fazem uso crônico de grandes
quantidades de álcool, com o passar do tempo, podem desenvolver
complicações em diversos órgãos tais como: esofagites, gastrites e
úlcera; esteatose, hepatite e cirrose hepática; pancreatite;
deficiências vitamínicas, demência e câncer.
Critérios de uso, uso nocivo ou dependência de álcool
Podemos chamar de uso, qualquer consumo de bebida alcoólica, mesmo que episódico ou esporádico.
Indivíduos que bebem eventualmente, mas que exageram
nestas ocasiões, podem vir a ter problemas legais, de saúde ou
familiares decorrentes deste uso. Diz-se que tais indivíduos fazem um uso nocivo do álcool.
A dependência ocorre quando o consumo de
determinada substância é compulsivo, ou seja, o comportamento do usuário
está fundamentalmente voltado para o impulso de ingerir o álcool,
continuamente ou periodicamente, com a finalidade de obter um estado de
alteração da consciência, prazer, evitação ou diminuição de sintomas de
abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais,
físicos e ou psicológicos.
Os casos de abuso, dependência ou abstinência do álcool devem ser tratados. 3
Dependência de Álcool ou Alcoolismo
A décima versão da Classificação Internacional das Doenças (CID-10)3 estabeleceu diretrizes diagnósticas para a dependência.
O conceito de dependência envolve os seguintes critérios:
1. desejo intenso ou compulsão para ingerir bebidas alcoólicas.
2. tolerância: necessidade de doses crescentes de
álcool para atingir o mesmo efeito obtido com doses anteriormente
inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância;
3. abstinência: síndrome típica e de duração limitada
que ocorre quando o uso do álcool é interrompido ou reduzido
drasticamente.
4. aumento do tempo empregado em conseguir, consumir
ou recuperar-se dos efeitos da substância; abandono progressivo de
outros prazeres ou interesses devido ao consumo.
5. desejo de reduzir ou controlar o consumo do álcool com repetidos insucessos.
6. persistência no consumo de álcool mesmo em
situações em que o consumo é contra-indicado ou apesar de provas
evidentes de prejuízos, tais como, lesões hepáticas causadas pelo
consumo excessivo de álcool, humor deprimido ou perturbação das funções
cognitivas relacionada ao consumo do álcool.
De acordo com o CID-10, para que se caracterize
dependência, pelo menos três critérios devem estar presentes em qualquer
momento durante o ano anterior.
Entre os indivíduos dependentes, há diferentes níveis
de gravidade que dependerão da presença de sintomas de abstinência e da
quantidade e impacto das perdas e prejuízos advindos do uso da
substância.3
Referências
2. Dubowski, K.M. (1985). Absorption, distribution and elimination of alcohol: Highway safety aspects. Journal of Studies on Alcohol (Suppl. 10). 98-108.
3. Classificação Internacional de Doenças (CID 10). (
http://www.cid10.hpg.ig.com.br/)