segunda-feira, 26 de março de 2012

Hospitais viram a casa de pacientes sem vínculo familiar

Davi Lemos
Gildo Lima/Agência A TARDE
Raimundo Félix está nas Obras Irmã Dulce desde 1980
Raimundo Félix está nas Obras Irmã Dulce desde 1980
Os quatro principais hospitais públicos situados em Salvador – Roberto Santos, Geral do Estado, Ernesto Simões e Subúrbio  –  tinham, em conjunto, até a última sexta-feira, 14 pacientes internados que não têm registro ou referência familiar. Situação similar ocorre no Centro Médico Social Augusto Lopes Pontes (CMSALP) das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid).
Com 140 leitos para pacientes em situação de risco de saúde e social, eles estão com  18 que não possuem referência familiar ou foram abandonados. Raimundo Félix, por exemplo, mora há 30 anos numa outra unidade da instituição – o Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD).
Não há dados gerais sobre a situação em Salvador e a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que precisaria de pelo menos uma semana para fazer levantamento em todas as suas 46 unidades hospitalares.
A coordenadora do Serviço Social do Hospital Roberto Santos, Nazarela Guimarães, afirma que a maior parte dos pacientes nestas condições perdeu os laços familiares antes mesmo da doença e que são poucos os casos de familiares que os levam e depois abandonam. “Se percebemos possibilidade de abandono, pegamos com os acompanhantes os contatos e endereço. Se levam muito tempo sem visitar um paciente, logo entramos em contato”.
O pior, entretanto, ocorre com moradores de rua, que são levados, geralmente, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ou por populares. “Chegam sem documentos. Em alguns casos, nunca tiraram documentos, e não temos referência de onde vieram”,  diz  Nazarela.