Tratar a pessoa epilética sem preconceito. Esta é a orientação do neurologista Paulo Machado, que destaca também que o preconceito em muitos casos é provocado pelos próprios portadores da doença, isso quando deixam de tomar a medicação, se descuidam e não comunicam a outros com receio de serem discriminados
Conforme o neurologista Paulo, a epilepsia é uma doença que por causar preconceito quando as pessoas descobrem. “Pelo fato de muitos não saberem o que é a doença, o paciente que tem crises pode ser afastado do grupo de colegas de trabalho e até alguns amigos, pois ainda existem pessoas que pensam que a saliva causada pela crise epilética pode contaminar”, comentou.
Neurologista Paulo Machado
Mesmo citando que é uma doença que gera preconceitos, Paulo Machado acredita que o preconceito melhorou bastante, ele ainda salienta que ao fato dos próprios pacientes terem medo de relatarem seu problema no ambiente de trabalho, esconderem a medicação, isso já é o primeiro passo para se construir o preconceito sobre a doença.
De acordo uma jovem que não desejou revelar identidade devido aos preconceitos gerados pela doença, falar a terceiros que tem epilepsia é motiva de desprezo. “Eles nos olham diferentes, até a nossa família tem um cuidado especial, quando a gente sai eles (colegas de trabalho e amigos) ficam alertando na frente de estranhos, você toma remédio, não pode beber”, declarou, salientando que, “isso só nos deixa constrangidos e a gente se sente inferior ao outro”, disse a jovem não identificada.
Conforme o neurologista Paulo, a epilepsia é uma doença que por causar preconceito quando as pessoas descobrem pode também desenvolver no paciente um problema psicológico. “.Para que tal problema não ocorra, a família é quem deve participar no processo de desconstrução do preconceito, onde o epilético não deverá ser tratado com diferença, pois com isso há uma probabilidade de se desenvolver também um problema psicológico”, enfatizou.
Orientação
“Depois de passado algum tempo já convivendo com as crises de epilepsia, o paciente em muitos casos, não generalizando todos passa a ter uma questão psicológica que deverá ser trabalhada, isso acontece quando ele começa a ter crises psicomotoras, que é provocada e controlada por ele mesmo”, salientou Paulo Machado
Segundo o neurologista, existem casos específicos que o empregador deve ter conhecimento do quadro de saúde do empregado. “No que diz respeito à pessoa epilética, se as maiorias dos pacientes tiverem a consciência de que tem que fazer o tratamento correto, usar o medicamento na hora certa, não interromper o tratamento por conta própria, evitar perder noites, isso poderá levar ao paciente a também ter uma vida sem problema e sem crises, o que não impedirá de trabalhar, sendo assim em muitos casos o medo do empregador é desnecessário”, explicou Machado.
Ainda conforme o neurologista deve se existir um cuidado maior com pacientes que trabalham em alturas e com alta tensão, ele ainda informa que nesses casos o cuidado tem que ser maior.
Outro fator que também poderá provocar a crise epilética é o sistema nervoso. “Em uma situação de muito estresse e muito nervoso pode levar uma pessoa a ter crise”, disse.
Texto e foto: Clécia Rocha
Jornalista em formação