Pelo menos 15 cidades paulistas decidiram cancelar ou cortar atividades
nas festividades de Carnaval por causa de falta de água, dinheiro ou
necessidade de priorizar o combate à dengue.
Araras (170 km de São Paulo) e Cordeirópolis (142 km de São Paulo) já decidiram cancelar a festa por causa da falta de água.
De acordo com o prefeito de Araras, Nelson Brambilla (PT), o momento
crítico não permite desperdícios de água. "Nossa decisão é um ato de
respeito a esse momento crítico vivenciado pela população e o governo
devido à crise hídrica."
Já em Cordeirópolis, cidade de 20 mil
habitantes, a festa de Momo foi cancelada por causa do alto número de
visitantes poderia agravar ainda mais a situação hídrica do município,
que utiliza, há mais de três meses, água de uma cava de mineração para
abastecer a população. A represa que abastece a cidade já secou.
A estimativa era receber pelo menos 10 mil pessoas por dia. "Nessa
crise hídrica, usar a água para a lavagem da sujeira neste ano seria
mais polêmico do que cancelar a festa", informou a administração.
Dengue
Outras duas cidades preferiram cancelar a festa e investir os recursos no combate à dengue. É o caso de Catanduva (385 km de São Paulo), que possui um dos mais tradicionais carnavais do interior do Estado.
O investimento seria de R$ 1,5 milhão e a expectativa era atrair 100 mil pessoas para o festejo.
"O cenário econômico do país faz com que se tomem todas as precauções
para que Catanduva possa continuar a se desenvolver (...) por
determinação do prefeito Geraldo Vinholi, não foi realizada a festa de
final de ano na avenida Theodoro Rosa Filho, e agora, a decisão é de que
não seja realizado o carnaval 2015", informa a administração.
Penápolis (425 km de São Paulo) também cancelou a festa pelo mesmo motivo.
"O evento Carnaval Popular, cujos preparativos já tinham sido
iniciados, foi cancelado. A prefeitura quer mover todos os esforços para
o combate à dengue, tendo em vista o crescente número de casos
registrados desde o último mês de dezembro (...) pensando em priorizar
nossos esforços para o combate à dengue, resolvemos cancelar a
realização do Carnaval neste ano", informou a prefeitura.
Dívidas
A maioria dos municípios que não irá realizar a festa, no entanto,
decidiu pelo cancelamento depois de avaliar a situação financeira. Em Ibirá (417 km de São Paulo), onde a festividade é tradicional, a prioridade é pagar uma dívida de R$ 4,6 milhões.
"Exatamente essa dívida, que compromete o Orçamento, exige que sejam
tomadas todas as medidas necessárias e possíveis para quitá-la (...) Por
este motivo, qualquer gasto com a realização de Carnaval, seria uma
imprudência", informou a administração, em nota.
Em Campo Limpo Paulista
(53 km de São Paulo), a justificativa é investir os R$ 150 mil que
seriam aplicados para a realização da festa na compra de três carros
para a Guarda Municipal. Segundo o prefeito José Roberto Assis (PR), a
decisão irá beneficiar à população.
"Tendo em vista os altos números de assalto, resolvemos comprar as viaturas", disse o prefeito.
Em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), a maior das cidades entre as que cancelaram a festa, a economia será de quase R$ 1 milhão.
"O repasse, que seria de R$ 1,2 milhão, será de R$ 300 mil", disse o
secretário de Cultura, Alessandro Maraca. A cidade cortou o desfile de
rua, mas terá programação de Carnaval na quadra das escolas de samba da
cidade.
Barretos (423 km de São Paulo), por sua vez, irá economizar os R$ 1 milhão que iria gastar com Carnaval.
"Até tentamos conseguir essa verba com o governo estadual e com o
governo federal para a realização, mas não conseguimos", disse o
secretário de Cultura, Adriano Santos, que informou, porém, que a festa
volta a ser celebrada no ano que vem.
A região de Ribeirão ainda terá duas cidades de médio porte que já cancelaram o Carnaval. São elas Jaboticabal (342 km de São Paulo) e Sertãozinho (333 km de São Paulo), cujos eventos custariam, respectivamente, R$ 200 mil e R$ 700 mil.
"O prefeito entendeu que existem outras prioridades, principalmente em
relação aos moradores de rua", disse o secretário de Governo de
Jaboticabal, José Paulo Lacativa Filho.
Sertãozinho informou que os recursos serão usados para pagar dívidas.
Fechando a lista das cidades que cancelaram o Carnaval por motivos financeiros, estão Americana (127 km de São Paulo), Paranapanema (261 km de São Paulo), Itirapina (212 km de São Paulo) e Suzano (44 km de SP).
Além delas, São Carlos
(232 km de São Paulo) também não terá Carnaval, mas a causa é a
impossibilidade de fazer repasses às escolas de samba por conta de
problemas na prestação de contas com o TCE (Tribunal de Contas do
Estado).
As demais atividades, segundo a prefeitura, serão mantidas, mas de forma econômica