domingo, 27 de novembro de 2016

100 anos de samba: Conheça as raízes do gênero musical que se tornou símbolo nacional


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Carolina Cunha
da Novelo Comunicação
 
"Quem não gosta de samba bom sujeito não é", diz o refrão de uma famosa música brasileira. O samba é considerado o ritmo mais popular do país. Você sabia que em 2016 o samba completa 100 anos?
A data remete ao primeiro samba oficialmente registrado no país na Biblioteca Nacional. A música “Pelo Telefone” foi registrada em 1916 por Donga (1890-1974), mas foi composta coletivamente na casa de Tia Ciata (ver abaixo).  Com essa música, a palavra samba também apareceu pela primeira vez no selo de um disco de vinil.
“Pelo Telefone” é considerado um maxixe (ritmo fruto da fusão da polca europeia com o lundu de origem africana), mas que entrou para a história como o primeiro samba oficial do país. Apesar disso, muitos outros sambas foram compostos antes de "Pelo Telefone".

Herdeiros de Tia Ciata

No início do século 20 o Rio de Janeiro era um lugar efervescente. A República acabara de se proclamada e o país vivia os primeiros anos após a Abolição da Escravidão (1888). A cidade crescia e se modernizava, atraindo uma massa de trabalhadores negros e migrantes vindos de diversas regiões do país.
Na zona portuária da capital carioca se destacava a região da Pedra do Sal, considerada berço do samba carioca. Desde o século 18 funcionava no local um mercado de escravos, o Cais do Valongo, que entre 1769 e 1830 foi porta de entrada no Brasil para 500 mil escravos oriundos da África. No século 19, escravos vindos do Nordeste também desembarcam na cidade para trabalhar nas plantações de café do Vale do Paraíba e no interior paulista.
Após a Abolição, os escravos alforriados foram marginalizados e não houve uma política de integração dos libertos. Muitos foram viver nos arredores da praça Onze e da Pedra do Sal, local em que já existiam remanescentes de um quilombo. Soldados negros egressos da Guerra do Paraguai também foram viver nos morros próximos. Essa comunidade negra de diferentes origens passou a ser conhecida como “Pequena África”, onde hoje ficam os bairros de Santo Cristo, Saúde e Gamboa.
Era na Pedra do Sal, local simbolizado por uma rocha, que estivadores começaram a se reunir em rodas para cantar e dançar. Ali também eram realizadas rodas de capoeira e surgiram os primeiros ranchos carnavalescos, afoxés e rodas de samba.
A cultura afro-brasileira se formou a partir da cultura trazida pelos escravos com a mistura de influências europeias. Os batuques estavam presentes nas fazendas coloniais e em festas religiosas, em manifestações afro-brasileiras como o jongo, a umbigada, o tambor de criola e a congada.