Foto: Portal Naturisa
A excursão de naturismo percorreu 6 estados
Um grupo de nudistas brasileiros acaba de terminar uma excursão
que percorreu 5 mil quilômetros durante 11 dias, passando por seis
estados do país. Acomodados em um motor home (veículo adaptado como uma
casa sobre rodas), sete adeptos da prática participaram do “1°
Naturistas pelo Brasil”, uma viagem que os levou do Rio Grande do Sul
até o Espírito Santo, onde ocorreu o 13° Congrenat (Congresso Brasileiro
de Naturismo), de 18 a 31 de março, na Praia de Barra Seca.
No caminho, fizeram paradas em vários ambientes voltados para o
naturismo, como a Praia do Pinho, em Balneário Camboriú (SC), o clube
Mirante do Paraíso, em Igaratá (SP), a Praia do Abricó, no Rio de
Janeiro, o Recanto Paraíso, em Piraí (RJ), e o Clube Rincão Naturista,
em Guaratinguetá (SP).
Em respeito às leis de trânsito, os viajantes faziam o trajeto
vestidos e só tiravam a roupa quando o veículo estava estacionado nos
postos de gasolina, à noite, ou nas paradas naturistas. As refeições
eram preparadas no motor home, que tem cozinha com micro-ondas.
“O que mais nos perguntam é se a gente fica nu dentro do motor home.
Foi essa a preocupação do motorista que foi contratado para nos levar”,
conta Glacy Moraes Machado, uma das integrantes. “Mas explicamos que só
tiramos a roupa quando ele está estacionado. Aí você pode sair do banho e
ficar do jeito que está. Fechamos as cortinas do veículo, claro, para
não ficarmos expostos”, diz.
Glacy já participou de duas excursões parecidas anteriormente,
organizadas pelo mesmo grupo, o Portal Brasil Naturista. Ambas passaram
por destinos latino-americanos, como Chile e Uruguai, e foram batizadas
de “Naturistas pela América Latina”. Glacy tem 62 anos e conta que ficou
com medo de se sentir cansada ao viajar nesse tipo de veículo. “No
início, imaginei que não seria confortável. Mas fiz e achei maravilhoso,
mesmo dormindo em beliche. A ‘casa rodante’ é como se fosse um navio.
Você consegue levantar, caminhar, e vai com a casa toda, não precisa
descer mala, mudar de hotel”, afirma.
O veículo oferece a estrutura de uma casa. Ela diz que o naturismo a
ajudou a assumir seu corpo. “O preconceito com a nudez é a gente que
tem. No naturismo não tem essa de mostrar o corpo só se ele for bem
bacana.”
Movimento familiar
O grupo chamava a atenção dos outros viajantes na estrada, e
aproveitava as aproximações para distribuir jornais sobre o tema. “O
público vê que é um movimento familiar, sem conotação sexual, e aceita
muito bem”, diz Marcelo Pacheco, de 40 anos, um dos editores do Portal
Brasil Naturista. Sua mulher, Carina Moreschi, também o acompanhou na
viagem.
Os outros participantes eram uma moradora da Colina do Sol
(comunidade naturista do Rio Grande do Sul) e mais dois homens – um
deles, médico, veio da Paraíba especialmente para a jornada. O tempo não
ajudou muito – uma frente fria acompanhou o grupo durante a viagem, mas
isso não impediu de praticar o nudismo.
No congresso, que ocorre a cada dos anos, foi eleita a nova direção
da Federação Brasileira de Naturismo e discutida a programação para o
próximo biênio. Para Marcelo, um lado positivo da experiência foi poder
aproveitar o caminho.
“Uma coisa é fazer roteiro aéreo, no qual você não vivencia a
situação da viagem. Outra é percorrer quilômetro por quilômetro, sentir o
lugar, conhecer as pessoas a cada parada.”Ele diz que pretende
organizar mais excursões nudistas em breve.