Sob protestos e xingamentos das cerca de 20 pessoas que tomavam a
galeria do Plenário da Assembleia Legislativa (AL) na noite desta
segunda-feira, 26, e até ameaça de uma mulher de se jogar do local, que é
alto, os deputados aprovaram por 35 a 8 votos o projeto de lei que
prevê a progressão de carreira do magistério e reajuste de 14% para a
categoria. São 7% agora em novembro e outros 7% em março de 2013.
A matéria aprovada também prevê a revogação da lei sancionada em
novembro de 2011 que dava ganho real de 3% em 2013 e 4% em 2014. Os
professores realizam assembleia hoje, às 9h, no ginásio dos bancários
(Aflitos).
Enquanto deputados da situação, como Rosemberg Pinto (PT), acusavam o
grupo que protestava de sequer pertencer à categoria dos professores,
uma das manifestantes, num ímpeto, xingando os deputados de "descarados"
e apontando o dedo em direção à Mesa onde estava o presidente, Marcelo
Nilo (PDT), posicionou-se com o corpo para fora da proteção de vidro e
ameaçou pular. Nilo reagiu dizendo que ela era pesada e podia quebrar o
vidro e se machucar.
A mulher que ameaçou pular da galeria não quis falar nem se identificar
para a reportagem. Em outro momento, Nilo disse: "A senhora é magra,
vai cair, vai ficar ruim". Nilo afirmou que falava com "a outra mulher,
que estava ao lado dela".
Sindicato é contra - O dirigente da APLB-Sindicato,
Rui Oliveira, que preferiu acompanhar a votação e a manifestação do
salão principal da Casa em vez de na galeria, disse que o sindicato é
contra o projeto aprovado.
"Nós não concordamos porque não beneficia os aposentados e não dá os 3%
de ganho real", afirma ele, referindo-se ao projeto aprovado no ano
passado, rejeitado pela categoria por não contemplar o reajuste nacional
de 22%. Motivo principal, aliás, da deflagração da greve que durou mais
de 100 dias.
"Nós vamos discutir a campanha salarial 2013 em janeiro de 2013. E o
ganho real de 3% deve voltar à pauta", disse o sindicalista. O líder
governista, deputado Zé Neto (PT) afirmou que a maioria dos professores
da rede acataram o projeto. Isso se revelaria no fato de que, dos mais
de 26 mil docentes aptos a tomar o curso previsto pela lei aprovada, e
que prevê a promoção na carreira, 60% já se matricularam. O curso é
obrigatório para a progressão.