Estudos anteriores já confirmaram a presença de danos na
retina – tecido onde as imagens são captadas para depois serem
processadas pelo cérebro – e no nervo óptico de crianças com infecção
congênita pelo vírus Zika. No entanto, uma pesquisa publicada no
periódico online JAMA Ophthalmology, no início de novembro, mostrou que
tanto as camadas externas quanto as internas da retina são as primeiras a
serem afetadas pelo vírus, desencadeando alterações importantes nessa
membrana, como seu afinamento, e sérios prejuízos à visão central desses
bebês.
Esse é o primeiro estudo que analisou e descreveu as mudanças
estruturais na retina de crianças com lesões maculares provocadas pelo
vírus Zika usando tomografia de coerência óptica (OCT), exame de imagem
de alta tecnologia, não invasivo, que permite diagnosticar com alta
precisão doenças da retina, vítreo e nervo óptico.
O trabalho, que teve como primeiro autor a oftalmologista Camila
Ventura, avaliou oito crianças, com idades entre três e cinco meses.
Sete delas foram submetidas a análise do líquido cefalorraquidiano para o
vírus Zika e tiveram resultados positivos para anticorpos IgM –
produzidos na fase aguda da infeção. Outras infecções congênitas foram
descartadas. Onze dos 16 olhos (69%) dos lactentes avaliados
apresentaram alteração da retina.
Rubens Belfort Jr., professor do Departamento de Oftalmologia da
Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo
(EPM/Unifesp) e um dos autores do artigo, explica que esses dados também
permitirão comparar com resultados de outras doenças oculares
infecciosas e não infecciosas “Estas descobertas irão talvez também
ajudar a identificar casos menos graves – sem lesões macroscópicas – e
clinicamente difíceis de identificar, mas com potencial para a perda de
visão”.
Sobre a Unifesp
Criada em 1994, a Unifesp originou-se da Escola Paulista de
Medicina (EPM), entidade privada fundada em 1933 e federalizada em 1956.
Por meio do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais (Reuni), iniciou seu projeto de expansão em
2005. Atualmente, a Universidade conta com cursos nas áreas de Humanas,
Exatas, Biológicas, Negócios e Saúde; distribuídos nos seguintes campi:
São Paulo, Baixada Santista, Diadema, Guarulhos, São José dos Campos e
Osasco, além de unidades avançadas de extensão – Embu das Artes e Santo
Amaro.