terça-feira, 12 de julho de 2016

PROSTITUIÇÃO E SUAS SOMBRAS



O que motiva uma mulher a vender seu corpo para sobreviver? A este questionamento são atribuídas uma infinidade de respostas que certamente não caberiam neste artigo. A motivação para abordar esse tema surgiu após conhecer o ambiente de degradação em que vivem as ‘meninas’ de um prostíbulo do município de Santo Estevão buscando o sustento próprio e muitas vezes o da família.


São adultas e sabem o que é bom ou ruim, sabem o que é certo ou errado, mas por imposição do sistema ou de ‘alguém’, elas dividem o quarto e o banheiro com outras companheiras, já cheguei a contar dezoito em um dia só, usam a mesma cama para os programas, que geralmente podem variar de R$15 a R$35 reais, e tem aquelas que contam ser mais interessante o programa com os idosos, pois estes lhe trazem uma pequena feira de mantimentos.
Sempre que possível, elas recorrem a uma pessoa que tenha mais facilidade de adquirir ‘produtos’, e pedem:  “ô traz um gel pra mim, as vezes a camisinha estoura porque eu fico ressecada, pois sem prazer não lubrifica e o gel é bom para ajudar na penetração e ganhar logo o dinheiro do cliente’.

Para quem tem ouvidos de censura aguçada, o pedido parece grosseiro, mas ele retrata a humilhação e submissão que uma jovem tem que passar para tirar o sustento da família, e nessa história toda, a figura do homem em nenhum momento aparece como o sacrificado ou a vítima, pois o que se percebe é a traição de alguns para com a esposa que está em casa e a utilização da prostituta como um objeto descartável que lhe dá prazer.

Neste mundo infernal da prostituição que a mim foi apresentado através da observação participante e pesquisa de campo, uma vez que me interesso pelo tema, já encontrei garotas grávidas. Certa feita uma delas me disse que, “quando a merda” nascesse, ela iria deixar na casa da avó paterna, pois já teve quatro filhos todos foram doados para pessoas conhecidas.

Escutar determinadas coisas choca, mas além do ‘chocar’, o que se faz necessário é buscar solução para a problemática da prostituição de classe C, pois até neste infernal mundo que venho conhecendo através de estudos, existem níveis sociais diferenciados.
A história nos mostra que a prostituição foi à primeira profissão a ser reconhecida, mas o que está se discutindo aqui é a degradação da pessoa humana, e neste caso específico, a mulher prostituta. Não reflito a ‘lisura’ do ato de prostituir-se ou não, reflito aqui a desvalorização da MULHER.


Clecia A. Rocha