terça-feira, 31 de maio de 2016

Após gravação, ministro da Transparência decide deixar o cargo


O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, pediu demissão do governo Michel Temer, mesmo após o presidente interino decidir que manteria o ministro no cargo "por enquanto"
De acordo com matéria da Folha de S.Paulo, Silveira anunciou sua decisão em carta enviada na noite desta segunda-feira (30), após conversa com Temer. 
O afastamento ocorre após divulgação de gravação em que Silveira aparece orientando investigados na Operação Lava Jato, enquanto era conselheiro do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Funcionários públicos da pasta reagiram à gravação, divulgada no domingo (29), protestaram pela saída de Silveira e até colocaram seus cargos à disposição. 
Leia abaixo a íntegra da carta de Silveira enviada a Temer:
"Recebi do Presidente Michel Temer o honroso convite para chefiar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
Nesse período, estive imbuído dos melhores propósitos e motivado a realizar um bom trabalho à frente da pasta.
Pela minha trajetória de integridade no serviço público, não imaginava ser alvo de especulações tão insólitas.
Não há em minhas palavras nenhuma oposição aos trabalhos do Ministério Público ou do Judiciário, instituições pelas quais tenho grande respeito.
Foram comentários genéricos e simples opinião, decerto amplificados pelo clima de exasperação política que todos testemunhamos. Não sabia da presença de Sérgio Machado. Não fui chamado para uma reunião. O contexto era de informalidade baseado nas declarações de quem se dizia a todo instante inocente.
Reitero que jamais intercedi junto a órgãos públicos em favor de terceiros. Observo ser um despropósito sugerir que o Ministério Público possa sofrer algum tipo de influência externa, tantas foram as demonstrações de independência no cumprimento de seus deveres ao longo de todos esses anos.
A situação em que me vi involuntariamente envolvido - pois nada sei da vida de Sérgio Machado, nem com ele tenho ou tive qualquer relação - poderia trazer reflexos para o cargo que passei a exercer, de perfil notadamente técnico.
Não obstante o fato de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.
Externo ao Senhor Presidente da República o meu profundo agradecimento pela confiança reiterada.
Brasília, 30 de maio de 2016.