domingo, 18 de outubro de 2015

Brasil anistia professores perseguidos pela ditadura

Geral

16 de outubro de 2015 | 17h 18
Brasil anistia professores perseguidos pela ditadura

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça fez um pedido de desculpas oficial do governo brasileiro a professores perseguidos pela ditadura militar, entre eles, a baiana e também jornalista Mariluce Moura, Adriano Diogo e Ana Maria Pinho Leite Gordon, que foram anistiados e Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
O pedido ocorreu durante sessão de julgamento temática na quarta-feira (14), anterior do Dia dos Professor (25 de outubro), quando Mariluce Moura foi reintegrada ao quadro de professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), de onde foi demitida do Departamento de Comunicação em novembro de 1975, mesmo após ter sido absolvida pela Justiça Militar.
História de violência
A jornalista Mariluce Moura, que estava grávida quando foi presa e torturada em outubro de 1973, além de ter perdido o marido, Gildo Lacerda, assassinado pelos militares, afirmou que “é uma história de violência, uma atrás da outra. Esse clima de temor e insegurança perdurou até a redemocratização. A luta pelo reconhecimento do que ocorreu e de quanto o Estado foi violento, torturou, matou e negou todos os direitos não terminou até hoje”
Ela ressaltou que “essas sessões da Comissão da Anistia são atestados da luta para reconhecer historicamente o que foi um período dramaticamente violento da história do País e para criar as bases para que a gente evite isso”. Mariluce Moura prestou depoimento à Comissão Estadual da Verdade – Bahia no dia 4 de dezembro de 2013, salientando que “nesse quadro, com o marido assassinado, eu grávida, tendo que enfrentar essa fase, só com o suporte da família e dos amigos, correndo alto risco de depressão, suicídio até, acho que a força fundamental que recebi para me manter viva foi mesmo da minha gravidez. Eu sentia que eu tinha um compromisso fundamental com um filho, uma filha que iria nascer”.
Ela também apresentou um documento em que o Ministério da Educação, em novembro de 1975, avisa à universidade que a sua contratação como auxiliar de ensino, concursada, não era recomendável. Em fevereiro, ela recebeu um telegrama da universidade lhe demitindo.
Punir criminosos
O geólogo Adriano Diogo lecionava Ciências quando, em 1973, foi preso e torturado. Ele receberá uma reparação econômica, mas acredita que o mais importante seria o Brasil se posicionar e rever a Lei de Anistia, de modo que agentes do Estado sejam responsabilizados pelos crimes e violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar.

A Comissão de Anistia foi instalada pelo Ministério da Justiça em 2001 e trabalha pela reparação dos perseguidos políticos durante o regime militar no Brasil. Até janeiro deste ano, a comissão havia recebido mais de 74 mil pedidos de anistia, declarando mais de 43 mil pessoas anistiadas políticas, com ou sem reparação econômica