domingo, 16 de agosto de 2015

Itaipava é acusada de usar dinheiro do Petrolão nas campanhas de Rui e Dilma


 
Quando terminar o rastreamento da propina de US$ 15 milhões paga pelo ex-executivo da Toyo Setal, Júlio Camargo, ao esquema do Petrolão, os procuradores da Operação Lava Jato chegarão à mais forte conexão encontrada até agora entre os desvios ocorridos na Petrobras e as campanhas eleitorais do PT e da presidente Dilma Rousseff em 2010 e em 2014, de acordo com informações publicadas pela revista Istoé.
 
Documentos obtidos pela reportagem mostram pela primeira vez desde o início das investigações o envolvimento de um empresário que nada tem a ver com empreiteiras ou com o setor de óleo e gás como beneficiário do Petrolão. Trata-se de Walter Faria, dono da Cervejaria Petrópolis -- que produz a cerveja Itaipava – e amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 
 
Os papéis mostram que Faria se tornou um dos maiores financiadores das campanhas de Dilma depois de receber propina do Petrolão em uma conta na Suíça. Na disputa eleitoral do ano passado, Faria destinou R$ 24,8 milhões para o PT e seus aliados. Para a conta da então candidata Dilma Rousseff foram remetidos R$ 17,5 milhões em um intervalo de apenas cinco dias, entre 29 de setembro e 3 de outubro.  São valores que fizeram da cervejaria sediada em Boituva (SP) a quarta maior financiadora da campanha da presidente, com R$ 10 milhões a mais do que foi doado pela Ambev, a gigante do setor de bebidas, e atrás apenas de potências empresariais como o Grupo JBS, a Andrade Gutierrez e a OAS. 
 
Ainda segundo a publicação, em setembro de 2014, a direção do banco mudou e apadrinhados da presidente Dilma e do então governador baiano, Jaques Wagner, assumiram o comando. Com a mudança, em apenas 24 horas Faria conseguiu se livrar das cartas fianças e apresentar garantias que, segundo analistas, jamais seriam aceitas por um banco privado. “Como alguém que carrega uma dívida de R$ 400 milhões com a Receita consegue tanto privilégio de um banco público?”, questiona o deputado Rubens Bueno (PPS-PR). É provável que a resposta esteja nas relações políticas. 
 
No ano passado, além de se tornar a quarta maior doadora da campanha presidencial de Dilma, a Cervejaria Petrópolis foi, na Bahia, a principal financiadora da campanha do governador petista, Rui Costa, sucessor de Jaques Wagner. Segundo os registros do TSE, a Cervejaria de Faria repassou R$ 6,2 milhões para a campanha do governador, R$ 2 milhões a mais do que a OAS, a segunda maior fornecedora de recursos para o PT baiano.