quarta-feira, 28 de junho de 2017

Promotor de Justiça será demitido após acusações de assédio sexual

ex-secretário estadual de Justiça, o promotor de Justiça Almiro Sena, será demitido do cargo público, segundo determinação do plenário do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A punição foi decidida durante sessão do plenário nesta terça-feira (27). De acordo com o Conselho, a pena ao promotor é motivada por "infrações disciplinares análogas aos crimes de estupro e assédio sexual", conforme previsto Lei Orgânica do Ministério Público da Bahia.
Além disso, o plenário determinou que o procurador-geral de Justiça do Estado da Bahia encaminhe uma ação civil de perda de cargo, independente da autorização do Órgão Especial do Colégio de Procuradores baiano. A ação deverá ser ajuizada no prazo de 30 dias, a contar da data de notificação do pedido. 
Almiro Sena é acusado de ter assediado servidores da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, quando era titular da pasta, de janeiro de 2011 a junho de 2014. À época, ele foi licenciado do MP para exercer o cargo no poder executivo.
Na votação, os outros conselheiros seguiram o parecer do relator do processo, conselheiro Antônio Duarte. De acordo com o relator, o depoimento de várias vítimas e testemunhas demonstraram a autoria e materialidade dos fatos atribuídos ao promotor de Justiça.
“Tais fatos, carregados de tamanha gravidade e reprovabilidade, atraíram a atenção da imprensa nacional, maculando a imagem do Ministério Público da Bahia e do Ministério Público brasileiro”, concluiu o conselheiro. 
Ainda segundo o conselheiro, o processo exige aplicação de medidas disciplinares "à altura dos impactos causados pelo promotor de Justiça à sociedade baiana e brasileira, pois transpassaram a dignidade de liberdade sexual das vítimas, trazendo para elas danos emocionais irreparáveis, afrontando também os valores sociais e morais". 
O CORREIO ainda não conseguiu contato com o promotor Almiro Sena até a publicação dessa reportagem. 

Exoneração
Almiro Sena pediu exoneração do cargo em junho de 2014, após as acusações das servidoras serem divulgadas. Na época, Almiro Sena negou todas as acusações e resumiu o processo contra ele a uma “armação política profissional”, sem citar nomes. 

O ex-secretário chegou a afirmar que as acusações eram “levianas e covardes”. “Só tenho a afirmar e reafirmar que jamais pratiquei, pratico ou praticarei atos dessa natureza”.
Em 2015, o Tribunal de Justiça da Bahia aceitou a denúncia contra o ex-secretário. O processo seguiu em segredo de justiça. Em dezembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal acatou o pedido apresentado pela defesa do promotor e adiou o julgamento do habeas corpus que tentava anular a ação de assédio sexual movida contra ele.