sexta-feira, 19 de maio de 2017

Temer tenta adiar desfecho e renúncia pode ser inevitável


O pronunciamento de Temer foi tentativa de ganhar tempo, mas o tom da fala não escondeu a falta de sustentação política
Vera Maralhães, O Estado de S. Paulo
19 Maio 2017 | 05h40
O pronunciamento do presidente Michel Temer foi uma tentativa de ganhar tempo, mas o tom taxativo que ele tentou empregar à fala não eliminou a falta de sustentação política instantânea que atingiu o governo depois da revelação das primeiras informações das delações de Joesley Batista e demais colaboradores do grupo JBS.
Temer apostou na divulgação dos áudios da conversa gravada por Joesley com ele para tentar negar que tenha avalizado o pagamento de mesada a Eduardo Cunha ou indicado o deputado e ex-assessor Rodrigo Rocha Loures como intermediário para a negociação de interesses da holding mediante pagamento de propina.
De fato, a transcrição do áudio é menos literal do que o divulgado inicialmente quanto ao suposto aval de Temer ao pagamento para calar Cunha mesmo depois de preso.
A frase de Temer – “Tem de manter isso, viu?” – é dita depois de Joesley relatar que está se “dando bem” com Cunha. A má qualidade da gravação não permite afirmar com certeza que Temer sabia que se tratava de pagamento. A falta de um vídeo impede saber se houve algum gesto indicando pagamento e uma frase do peemedebista é inaudível.

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