segunda-feira, 10 de abril de 2017

Animais de estimação diminuem casos de alergia e obesidade



09/04/2017 - 08:00
Há um cãozinho lambendo a cara do seu bebê neste exato momento? Não interrompa a leitura dessa notícia para separá-los – essa não é uma ideia tão ruim quanto parece. Um estudo da Universidade de Alberta, no Canadá, revelou que bebês de famílias que incluem animais de estimação – cachorros, em 70% dos casos – têm menos propensão que a média a desenvolver alergias e obesidade.
O método empregado não foi nada cheiroso. A equipe do pediatra Hein M. Tun analisou as bactérias presentes no cocô de 746 bebês de até três meses de idade, e percebeu que dois micróbios – Ruminococcus and Oscillospira, comuns no intestino de pessoas sem histórico de obesidade e alergia – apareciam com mais frequência nas fraldas de crianças que conviveram com cachorros ainda no útero ou nos primeiros dias de vida. Em outras palavras, a convivência com animais domésticos muda para melhor sua microbiota intestinal (também conhecida como “flora intestinal”, entenda no Oráculo porque o termo é errado).
Segundo o artigo científico, a presença de bichos de estimação em casa durante a gravidez também diminuiu as chances de bebês recém-nascidos contraírem pneumonia logo após o parto. A doença, nesse caso específico, é causada por bactérias chamadas GBS (em inglês, group B streptococcus, “streptococcus do grupo B”), presentes nos nossos intestinos e também em mucosas como a boca e a vagina. Elas são inofensivas para adultos, mas não para os pequenos – a não ser, claro, que eles já nasçam resistentes graças a um Fido. Ou Rex. Ou Zeus. Ou Átila. Ou Pudim. Enfim.
A teoria de que a exposição a animais e sujeira no início da vida reforça a imunidade não é nova, e o número de artigos científicos que corroboram a tese só aumenta. 
Mas, se mesmo depois de tudo isso você ainda não tiver se convencido de que ter um cachorro é uma ótima ideia, não se preocupe: no futuro, é provável que você possa comprar pílulas com todas as bactérias caninas interessantes para sua saúde – e não levar o animal em si no pacote. “Não duvido que a indústria farmacêutica tente criar suplementos com esses micróbios, mais ou menos como fizeram com probióticos [doses de bactérias benéficas para o sistema digestório que podem ser compradas em farmácias]”, afirmou à imprensa Anita Kozyrskyj, co-autora do estudo.