A Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento
Agrário (Sead) lança nesta quinta-feira (23) em Brasília a campanha
internacional #MulheresRurais, mulheres com direitos.
O objetivo é dar visibilidade a essas mulheres e ao trabalho que
desempenham para o desenvolvimento socioeconômico e sustentável. “A
mulher rural é a protagonista do desenvolvimento sustentável. E é para
isso que estamos trabalhando, para que ela reconheça o seu papel”, disse
a coordenadora de Políticas para as Mulheres da Sead, Solange da Costa.
Segundo ela, as mulheres têm papel fundamental na agricultura familiar e
camponesa do país, mas não têm o reconhecimento merecido. “Sofrem com o
preconceito, com a desigualdade de gênero e com tantos outros problemas
que herdaram da vida. Ainda há um longo caminho para o equilíbrio de
direitos e oportunidades entre homens e mulheres”, disse, acrescentando
que é preciso avançar no reconhecimento do papel fundamental das
mulheres do campo para a vida de cada um dos brasileiros.
Mais de 14 milhões de mulheres que estão nas lavouras, comunidades
quilombolas e indígenas, nas reservas extrativistas são protagonistas da
agricultura familiar no Brasil, 45% dos produtos são plantados e
colhidos pelas mãos femininas. Segundo o Censo Agropecuário de 2006,
12,68% dos estabelecimentos rurais têm mulheres como responsáveis, bem
como 16% dos estabelecimentos da agricultura familiar.
Segundo dados do Censo 2010, as mulheres rurais são trabalhadoras,
responsáveis, em grande parte, pela produção destinada ao autoconsumo
familiar e contribuem com 42,4% do rendimento familiar. O índice é
superior ao observado nas áreas urbanas, de 40,7%. “São elas que
garantem a produção dos alimentos, cuidam das sementes, do manejo
ambiental adequado, das águas, garantindo dessa forma a qualidade de
vida na família e sociedade”, disse a coordenadora da Sead.
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(FAO), as mulheres rurais cumprem uma série de funções-chave para a
segurança alimentar regional, mas enfrentam altas taxas de pobreza,
insegurança alimentar e obesidade. Além disso, têm menos acesso aos
recursos produtivos como terra, água, crédito e capacitação, fatores que
impedem que as mulheres rurais da América Latina e do Caribe
desenvolvam todo o seu potencial.
Para Solange, ainda há muitos direitos a serem conquistados por essas
mulheres, mas a igualdade de gênero e a autonomia para o desenvolvimento
econômico são direitos que merecem atenção especial. “O empoderamento
valoriza e reconhece as mulheres rurais como protagonistas do
desenvolvimento sustentável e econômico do país. Ele é importante para
que as mulheres rurais se reconheçam como parte fundamental desse
processo”, disse.
A iniciativa é liderada pela FAO e pela Reunião Especializada em
Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf) e abrange a América Latina e o
Caribe. No Brasil, a Sead vai realizar ações e publicar uma série de
reportagens que darão visibilidade ao trabalho feminino no campo, além
de oficinas, encontros de capacitação e empreendedorismo feminino,
mutirões de serviço e atividades culturais.
“É por meio de suas próprias histórias pessoais e coletivas que
pretendemos mostrar a importância da mulher como agricultora, geradora
de renda e conhecimento, empreendedora, agente ambiental,
administradora, pacificadora do campo e tantas outras funções que
impulsionam a agricultura familiar e o desenvolvimento socioeconômico do
país”, afirmou Solange