Uma mulher de 36 anos foi resgatada após ser mantida em cárcere privado
pelos próprios familiares durante 16 anos. O resgaste, que ocorreu no
dia 9 deste mês, em Uruburetaman (CE), só foi divulgado nesta quinta
(29), um dia após a prisão do irmão dela, identificada como Maria Lúcia
de Almeida Braga. Segundo informações do jornal O Povo, a mulher foi
mantida presa após engravidar. A criança foi entregue a terceiros.
Segundo o titular da Delegacia Regional de Itapipoca, delegado Harley
Filho, que também responde pela delegacia de Uruburetama, no dia 8 de
março os policiais receberam a denúncia de uma mulher que era mantida em
cárcere privado. No dia seguinte, o delegado afirma que a equipe foi
até o lugar e resgatou a vítima. Filho contou como ocorreu o resgate.
"Rompemos dois cadeados e arames para ter acesso ao terreno. Havia três
casas e a primeira era a de lá. Havia um terceiro cadeado e quando
entramos no imóvel, no quarto que dava acesso à vítima, existia um
último cadeado", afirma. O espaço em que Maria Lúcia vivia continha
apenas uma rede e outro resto de rede, usado como lençol. Ele não
possuía banheiro e, segundo o delegado, o odor de fezes e urina deixava o
local fétido. A mulher era mantida nua e se alimentava apenas duas
vezes por dia, de acordo com relatos da própria família. Levada ao
hospital de Uruburetama, a mulher foi atendida e está sob os cuidados de
uma família local, onde foi acolhida. O delegado afirma que a mulher
passou anos sem conseguir falar e se comunicava por meio de escrita. Aos
poucos, ela está conseguindo voltar a falar. A Polícia Civil também
conseguiu identificar o filho de Maria Lúcia. O rapaz é um adolescente
de 16 anos e a abordagem deve ser cuidadosa para não gerar traumas, diz
Harley Filho. O irmão, João Almeida Braga, o Joãozinho, como é
conhecido, foi preso por cárcere privado e maus tratos. A pena para os
crimes vai até oito anos de reclusão. Sobre os pais da jovem, o delegado
diz que são idosos e debilitados. João era quem cuidava das finanças da
família e permitia a situação. "O motivo é que ela seria mãe solteira e
eles não aceitavam. Eles dizem que encarceraram ela para que não
engravidasse novamente. A criança foi entregue a terceiros", revela.
Conforme o delegado, a mulher trancafiada durante quase duas décadas
apresenta problemas psicológicos.
Fonte: Bahia Notícias
Fonte: Bahia Notícias