O presidente Michel Temer (esq.) e o ex-deputado Eduardo Cunha em evento do PMDB, em março |
Temer foi chamado para depor como testemunha de defesa de Cunha, réu da Lava Jato. Na condição de presidente da República, porém, tinha direito a responder às perguntas por escrito.
Os advogados do ex-deputado haviam feito perguntas potencialmente incômodas ao presidente, como sobre doações em caixa dois e reuniões de campanha com fornecedores da Petrobras, que acabaram sendo indeferidas por Moro por serem consideradas "impertinentes" para o processo.
As respostas enviadas por Temer às 20 perguntas restantes têm, no máximo, duas linhas. A maioria se resume a "não tomei conhecimento" ou "não reconheço essa informação".
Apesar de afirmar desconhecer qualquer atuação de Cunha na Petrobras, o presidente admitiu que a indicação de Jorge Zelada para a diretoria Internacional da estatal coube à bancada mineira do PMDB da Câmara.
À época, o líder da bancada era o deputado Fernando Diniz, morto em 2009. Veio da bancada a pressão para a nomeação de Zelada –segundo o Ministério Público, com o aval de Cunha.
Zelada era o diretor Internacional da Petrobras quando foi aprovada a compra de um campo de petróleo em Benin, na África, que teria rendido R$ 5 milhões em propina para Cunha, segundo a acusação.
Temer disse que "não tomou conhecimento" da participação de Cunha nessa indicação, tampouco da suposta ameaça do PMDB de paralisar a votação da CPMF, em troca da indicação na Petrobras.
O presidente, porém, confirmou reunião com o pecuarista José Carlos Bumlai para tentar manter Nestor Cerveró na diretoria da Petrobras –Cerveró acabou sendo substituído por Zelada.