quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Aluno gay é espancado a pauladas por cinco jovens em frente a escola em SP


 


"Desde o primeiro dia de aula, eu sabia que ia apanhar. Fui xingado e ofendido. No dia que apanhei, estava com o coração apertado. Quando vi, já levei uma, duas pauladas. Depois, socos, chutes e eu apaguei. E tudo isso por ser homossexual." O autor da frase é um jovem de 18 anos, estudante no segundo ano do ensino médio na escola estadual Lourdes Maria de Camargo, em São José dos Campos, e a descrição se refere ao ataque sofrido por ele, por volta das 23h de segunda-feira (22), na saída das aulas.
Na ocasião, um colega de classe dele, de 16 anos, comandou a pancadaria. Outros quatro adolescentes, todos menores, participaram da agressão. Apesar de identificados, eles foram liberados pela Polícia Civil após prestarem depoimento.
Segundo relato da vítima, ele já havia denunciado o caso para a direção da escola anteriormente. "Desde o primeiro dia de aula, ele me xinga. Nunca teve motivo. É uma coisa inexplicável", disse. "Ele disse claramente que ia me matar, que ia me pagar na saída, que ia acabar comigo", contou.
Como ameaças se intensificaram, no dia da agressão ele havia sido mudado de classe. "A direção achou melhor e me disse para ficar tranquilo que nada ocorreria. Mas, na saída, depois da aula, eu estava conversando com uma amiga na porta da escola quando ele veio com o pau. Não deu tempo de dizer nada", contou.
Durante o espancamento, a vítima afirma ter ouvido os agressores gritarem frases homofóbicas. Depois do primeiro golpe, ele afirma ainda ter visto outros quatro jovens se aproximando, também armados com pedaços de madeira. "Eu tentei correr pra dentro da escola, mas não deu tempo. Senti outras pauladas e apaguei. Só acordei dentro do carro, quando estava sendo socorrido", disse.
Ele teve ferimentos em várias partes do corpo, em especial na cabeça e abdômen. Abandonado na rua, foi socorrido por populares e levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Campo dos Alemães. Ele foi medicado, recebeu sete pontos na cabeça e foi liberado.

Sem precedentes

O jovem agredido conta que foi a primeira vez que ele foi vítima de agressão por ser homossexual. "Também nunca fui ofendido por esse motivo. Algumas vezes houve uma ou outra brincadeira, mas nada parecido com isso", conta.
Ele fala ainda que não vai às aulas desde segunda-feira e que pretende mudar de escola. "Primeiro, preciso me restabelecer emocionalmente. Estou muito ferido. Depois, irei pensar em voltar a estudar. Mas não quero ir para aquela escola", contou.